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A mostrar mensagens de junho, 2009

HÁ DOÇURA NAS AVES

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Há doçura nas aves E ternuras puras Mais que humanas Brama em chamas A alma sofrida Já não há ninho Mas o passarinho Vela a morte da consorte No chão jazida. Ainda Amor tentou Em vão salvá-la Mas sem compaixão A morte escureceu o coração. Ah, alma minha"Assim deixaste Quem não deixará nunca de querer-te! Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te, Tão asinha esta vida desprezaste! Como já pera sempre te apartaste De quem tão longe estava de perder-te?" Não lhe responde a ave Que veloz voava No chão deitada Já não é nada Mas vela a dor Amor Que a dor aberta No coração manda E tudo desmanda Qual o poeta.

BRUMAS

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Antes da luz Eu já lia e escrevia No ventre de minha mãe E ouvia a tabuada E os rios e os reis E os recreios também. Era bom o ventre berço E as paredes da escola Por isso me fiz ao leme Para apostar na herança Ateada no tear das veias E prossegui viagem Doce aragem num mar Onde as águas floresciam E os peixes recresciam Em ondas altas de espuma Hoje à deriva trago O barco estilhaçado Nas amarguras da bruma E o enjoo me traz à proa Mas num mar em pranto Grito meu ou desencanto?

DIA DA RAÇA, DIA DA RITA !

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Querida Rita, Escrevo-te para te dizer que só podias ter nascido no Dia da Raça. Mais nenhum dia te assentaria que nem uma luva como este. Mulher vigorosa, destemida, Maria da Fonte desde menina, senhora do teu nariz e de ti mesma. Nasceste para triunfar e para gerar o menino mais lindo do meu coração (e olha que o meu coração é mesmo lindo e a modéstia é uma sensaboria), por quem derramei lágrimas de alegria, desde que soube que a semente tinha sido plantada na tua leira. Ainda ontem eras menina em cima das dunas, tal como a Inês e a Joãozinha e a Marta e o Luís e a Sofia, todos agarrados à minha saia cor-de-rosa, extasiados com a nossa música e a nossa dança sem lobos, indiferentes ainda ao crescer voraz do tempo. E o mar estendia-se à nossa frente, num odor salgado que dilatava as narinas, numa superfície sedosa, de sedução vigorosa de azul e verde, com os moinhos mais ao longe, contentes de nós, fruindo aquele tempo onde o espaço era lúcido e inteiro. Ainda ontem eu tinha a tua ida