PORTUGAL



Sempre o teu sangue me sacode,
E cada sílaba do teu nome
Me faz descer as lágrimas,
Meu berço de três silabas,
Debruado em ondas
Dos confins do mundo.
Ah, meu arrimo,
Pau de canela,
Fulgor d'epopeia,
Sol em candeia,
Na noite escura
Quem te apagou?
Camões soluça,
Pessoa espera,
Deus desespera,
O povo é fome,
E a Hora morre.
Virá ou não
Do Nevoeiro
O Desejado,
Ou outro mito
Que tudo seja
O que a fé almeja?
Venha ou não
Teu sangue me sacode
E cada sílaba me comove
Do teu nome,
Alva flor de sal,
Pátria, ninho, Portugal!

Comentários

Elisabete disse…
Como compreendo o teu amor a Portugal e o desencanto face à situação que vivemos!...
Parece não haver luz ao fundo do túnel. Não é?
Também soluço, espero e desespero. Mas continuo a pensar que a salvação está nas nossas mãos. Nas mãos de quem acredita, AINDA, em valores éticos e na bondade humana.
Continuo no Algarve, um tanto afastada destas lides, mas não me esqueço de por aqui passar sempre que posso.
Um beijo grande
Catarina Pereira disse…
Ibel,

Penso que todos os portugueses sentem o mesmo, pelo menos os que andam acordados.A política é uma desilusão e já ninguém acredita em ningém.Hoje gostei de ouvir o Fenando Nobre, personalidade insuspeita.O Desejado? Não sei, está muito nevoeiro para estas bandas da ria.Mas os plíticos não são os donos do país, nisso ele tem razão.
Abraço.
AC disse…
A incerteza das coisas é global. Hoje em dia todos nos apercebemos que os problemas duma região são os problemas de outras regiões, que os dilemas que afligem uns acabam por afectar outros. Nunca foi tão evidente que o desafio por que estamos a passar se situa à escala planetária, e que as coisas nunca mais serão como eram antes. A ruptura é inevitável, e nessa fase daria muito jeito uma espécie de Desejado, alguém (entidade) que conseguisse ser um pólo aglutinador de anseios e expectativas. O Quinto Império - lobrigado exaltadamente por Pessoa ou comedidamente por Agostinho da Silva - deixou de se situar neste rectângulo ocidental, passando a ter que se situar à escala mundial. Nunca como agora os intelectuais, artistas, cientistas, tiveram um desafio tão crucial pela frente. Valerá a pena? Como disse Pessoa na Mensagem, "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena."
Mas, quer queiramos, quer não, que os dados estão lançados, lá isso estão.
Unknown disse…
Portugal está num beco sem saída e o futuro adivinha-se cinzento,sobretudo para os milhares que ficam sem emprego. Para os outros, por enquanto, as coisas ainda se vão compondo, mas é tudo um grande enigma.


Ibel,por favor, não descure a publicação dos seus versos.
DEPE disse…
HINO!!! Comoventemente sentido, lido, vivido... e quanto de ti Ibel, é PORTUGAL, terra, mar, orgulho em água do mar de sal, em puro amar de frutos de mimar


Obrigado, ninfa das palavras!
Mar de Bem disse…
Olha, nem sei o que te diga...
Anónimo disse…
Ibelinha, que saudades da Mensagem e dos versos que declámos no dia da escola.Hoje ao ler o poema deu-me cá uma nostalgia.Ainda sei os versos e as frases que nos obrigou a decorar e que tínhamos de repetir em voz alta.A obrigatória era" A nossa grande raça partirá em busca de uma Índia nova que existe no espaço, em naus que são construídas daquilo que os sonhos são feitos".
Só tenho pena que essa Índia não se cumpra. Estou a falar bem, querida prof?

Beijinhos!!!!

Vénus
Anónimo disse…
Bom dia, Ibel

No intervalo de correcção de testes, vim um pouco à net, para espairecer e visitar os blogs de que gosto, não faltando os frutos, claro e leio um poema que me deixa triste.Andamos todos preocupados, não é? Ainda me faltam tantos anos para a reforma e vejo o futuro com nuvens.Belo poema, como sempre.

Alda
Unknown disse…
Belas palavras de quem sabe o que é a poesia e que tem uma alma que adora Fernando Pessoa. Quando fala do seu espaço familiar reservado ao grande poeta?Ele ia gostar e os leitores também.
Beijo
gracinda disse…
Muito belo!...Li-o e de imediato li os comentários. porque vou sempre à procura dos que são deixados por alunos do presente e do passado. São esses os que mais gosto de ler, pois é nos alunos que a tua marcA POÉTICA MAIS FICA E MAIS VALE. PARABÉNS PARA OS TEUS DOIS EXERCÍCIOS QUE AFINAL É UM - FORMAR SENSIBILIDADES COM CONHECIMENTO.
hOJE O BEIJINHO VAI PARA A PROF.
Ibel disse…
Amigos,

Agradeço sempre as vossas visitas e o vosso afecto.Hoje, em particular, vai um beijinho para Vénus,minha ex-aluna que me acarinha e me estimula nos momentos de maiora desânimo profissional.Minha linda,claro que me lembro de tudo que vos ensinei e do que continuo a esforçar-me por ensinar, apesar dos tempos não serem de incentivo para os professores.
Cantata, um dia destes eu falo do meu cantinho do poeta.Fica prometido, só não prometo datas.
Abraços e beijinhos para todos.
Os "Nevoeiros" ou de quem deles saia...não são solução para coisa nenhuma.
Há crise generalizada de valores, a classe política é medíocre, bastando observar quem governa o mundo, não apenas Portugal.
Onde estão os grandes estadistas? Onde está a adequação das benévolas intenções à prática quotidiana da sobrevivência?
Abunda a retórica, falta a concretização.
Portugal não é excepção. E ainda que exportemos políticos para altos cargos europeus, tal não é sinónimo de riqueza lusa, mas de pobreza europeia.

Não esperemos nenhum D.Sebastião.
Unknown disse…
Como o prometido é devido aqui estou a comentar um poema que é um hino a Portugal!

Cada vez mais estamos a perder a identidade como país o que me deixa bastante desiludido e preocupado!
Relativamente ao D.Sebastião acredito que ele chege e que não demore muito... e segundo esta minha perspectiva de perda de identidade acredito, com muita pena minha, que o D.Sebastião não seja luso... o que só vem comprovar a falta de qualidade, determinação e de valores que os politicos actuais demonstram!
Mas temos de ter fé, nunca baixar os braços e lutar até que as forças se esgotem porque são nestas situações que se vêm os verdadeiros vencedores!

Querida professora fica aqui um grande beijinho
David Tereso
Unknown disse…
Como o prometido é devido aqui estou a comentar um poema que é um hino a Portugal!

Cada vez mais estamos a perder a identidade como país o que me deixa bastante desiludido e preocupado!
Relativamente ao D.Sebastião acredito que ele chege e que não demore muito... e segundo esta minha perspectiva de perda de identidade acredito, com muita pena minha, que o D.Sebastião não seja luso... o que só vem comprovar a falta de qualidade, determinação e de valores que os politicos actuais demonstram!
Mas temos de ter fé, nunca baixar os braços e lutar até que as forças se esgotem porque são nestas situações que se vêm os verdadeiros vencedores!

Querida professora fica aqui um grande beijinho
David Tereso
Isabel disse…
Portugal um país tão belo não merecia desencanto. Dias melhores virão, esperemos.
Um bjinho
Isabel
Anónimo disse…
Ai Portugal,
Como tua terra me chama.
Não há luz, não há chama,
Não há remédio senão vinda
À minha pátria...

Então, professora? Como anda?
Lá em baixo no Alberto Sampaio andamos meios atafulhados com testes... mas ainda a vamos visitar!
Aproveito e deixo aqui o meu blog; aliás, nosso, pois é graças à professora que a "Gazeta de Braga" vai avante!
Passe por lá!

Um beijo,

Rui Silva
Ibel disse…
José Augusto,

Concordo contigo, mas com muiyta mágoa.


David!!!!!

Ainda hoje falei em ti à tua prima Beatriz. Gostei muito da tua visita e das laranjas deliciosas.
Quanto ao às tuas insinuaçõessobre a chegada de D. Sebastião...espero bem que não se concretizem, embora saiba o quanto gostaste de estar em Barcelona...
Desejo-te muitas felicidades para Turim.Será que já lá estás?
Vai aparecendo, menino dos olhos verdes deslumbrantes.
Beijinhos.

Isabel

Um dia destes vais ver uma das tuas belíssimas fotos aqui no s frutos. És mesmo uma artista, mulher!

Rui!!!!!

Fico contente se a Gazeta foi motivada por mim.E acredito que sim. Os meus alunos estão a criar imensos blogues e não chego para as encomendas, mas irei à Gazete com muito orgulho. Como faço?
Gostei de te ver no Pingo Doce em serviço humanitário. És formidável!!!
Beijocas
estrelinha disse…
Poema com uma cadência harmoniosa e sentida, que nos prende até ao último sopro...

Continua assim, "Estrela-mãe"!
E.A. disse…
"A minha Pátria é a Língua Portuguesa"...
Um poema lindo, como não poderia deixar de ser.
Um beijinho grande
Lindo poema.
Afinal o Encoberto, também, continua por "estas bandas", mas nós preferimos o Manuel, que incendeia e enterra esse Portugal Velho e o seu pretérito mítico.
O problema é que "os grandes continuam a comer os pequenos" e pior, "é que são precisos muitos pequenos, para alimentar poucos grandes". Mais de três centenas de anos passaram e esta verdade continua imutável. Ainda mal.

Beijinho ensonado

Mafalda e Francisca
Podia ser cantado este poema, o nosso canto que em cada dia se entristece, porque a flor de sal que fomos...já não acontece!

Um beijo, Ibel
E.A. disse…
Ibel,

Lembra-se daquele encontro do principezinho com a raposa? Cativar.
O seu rosto desconhecido é já uma imagem muito doce.
Obrigada.
Anónimo disse…
Ibel, Portugal tem-se salvado sempre de si mesmo. Que mais não seja, por virtude dos seus poetas.
Um abraço.
Daniel
P.S. -Ah, belo poema!

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