Prometo amar o sol todos os dias que me restam e iluminá-lo com as sílabas do teu nome. Prometo a voz vagarosa a repeti-las num pátio de ternura e a demorar-me na música como me demorei nos cabelos do mar. A vida é esta rosa apertada num muro e o eco do universo puro, insuspeito mesmo à chuva. Por isso dançarei onde te habito da primeira hora do dia até à última da noite. E dar-te-ei os rumores do pião de uma criança a navegar o início dos ventos. E ainda a voz que escutas sem cor palpável até ao que restar de vida. Que a palavra é a substância do tempo que regista o que a noite não deixa acabar.
CHÁ D'ABRIL
Ah tragam-me um chá Um chá urgente de menta Ou pimenta preta Ou cidreira ou tília Um chá de sabor a terra De eucalípto ou oliveira Numa chávena de Abril. Ah, tragam-me um chá Com aroma a cravo Também pode ser Um chá em clave de Sol Ou em mi(m) maior Ah tragam-me um chá De todas as maneiras Com aroma verde Em vaso de esperança Também pode ser Tenho sede Ah tragam-me um chá De aroma de maçã Que o chá aquece A alma que fenece No frio deste Abril Em que um cravo canta Esganado na garganta.

Comentários