Orfeu fala a Eurídice
Aproximo a minha mão da travesseira
para dela levantar a tua nuca
com meus olhos fito a tua boca
flor de botão em tentação.
Vermelho fica, pois, meu coração
cacho maduro de macia cerejeira.
Suave, o movimento do teu peito,
tépido, o ardor do teu arfar,
e teus lábios, carne viva de cereja,
são doçura e paixão do mesmo jeito.
Emerge, da tua fronte, o teu olhar
e serves-me o amor numa bandeja!
Descem à terra deuses de verdade
laborando o amor que não morreu
enrolado no tom verde da saudade
vestes de pária, de andarilho,veste de Orfeu ,
e o teu peito recolhido junto ao meu
é um mar imenso de paz e serenidade.
(No inferno te busco, sendo céu
nas labaredas ardemos tu e eu).
|
CHÁ D'ABRIL
Ah tragam-me um chá Um chá urgente de menta Ou pimenta preta Ou cidreira ou tília Um chá de sabor a terra De eucalípto ou oliveira Numa chávena de Abril. Ah, tragam-me um chá Com aroma a cravo Também pode ser Um chá em clave de Sol Ou em mi(m) maior Ah tragam-me um chá De todas as maneiras Com aroma verde Em vaso de esperança Também pode ser Tenho sede Ah tragam-me um chá De aroma de maçã Que o chá aquece A alma que fenece No frio deste Abril Em que um cravo canta Esganado na garganta.
Comentários