Juro que tenho fases
|
nas da lua eu me revejo...
|
Lua nova, se me vestes
|
da cor da tua paixão
|
lua cheia, se me trazes
|
o teu amor em botão.
|
Quarto-minguante, se falhas
|
não me deixando um aviso
|
é crescente quando entalhas
|
um brilho no teu sorriso
|
Juro que tenho fases
|
tantas fases como a lua
|
meu amor, faz-me brilhar
|
numa luz que seja a tua.
|
ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
Comentários