Só falo da minha vida,
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umas vezes divertida
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e muitas outras sofrida.
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Foram verbos, são estados
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cruzados e resgatados
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noutros tempos relatados
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desejos que foram passados
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modos vários conjugados.
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O tempo e o modo, ligados,
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também os há separados.
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É o tempo, é o modo,
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é grandeza ou pequenez,
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a ambos eu me acomodo
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cada um de sua vez .
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O tempo é ponto marcante,
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instantes em sucessão .
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Já o modo é de um instante .
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Há o tempo sem ter modo,
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por um nada acontecido,
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e há vários tempos de um todo
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conforme o sucedido,
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uns certeza, outros futuro,
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de um passado seguro
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ou de um querer condicional,
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são os modos de um só tempo
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do que seja cada qual .
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Há passado certamente
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mas não sei se há presente.
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Se é que o presente existe
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quando o for já é passado.
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Quando não for contratempo,
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ou apenas passatempo,
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tempo futuro não há
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que dele só haverá
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o futuro do presente
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que é já futuro mudado .
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Futuro, o zero do tempo,
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é um tempo hesitante
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em mutação constante,
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mudando sempre com a gente
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mudando constantemente!
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É um passado do futuro
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é passado de si próprio
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tendo assim um nome impróprio!
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O tempo é, pois, só passado !
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Não há nenhum tempo esperado
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do presente ou do futuro
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é um passado somente !
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CHÁ D'ABRIL
Ah tragam-me um chá Um chá urgente de menta Ou pimenta preta Ou cidreira ou tília Um chá de sabor a terra De eucalípto ou oliveira Numa chávena de Abril. Ah, tragam-me um chá Com aroma a cravo Também pode ser Um chá em clave de Sol Ou em mi(m) maior Ah tragam-me um chá De todas as maneiras Com aroma verde Em vaso de esperança Também pode ser Tenho sede Ah tragam-me um chá De aroma de maçã Que o chá aquece A alma que fenece No frio deste Abril Em que um cravo canta Esganado na garganta.
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