Ponho de um lado os encantos
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neles ficam os meus versos
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do outro os desencantos
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é lá que estão seus reversos
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As rosas têm lindas cores
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todas têm seus espinhos
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nos versos ponho as flores
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troco versos por carinhos
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Vejo as rosas no jardim
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frenesim de passarinhos
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e também me vejo a mim
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em meus passos miudinhos
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Mas há rosas de outros tons
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também as há nos caminhos
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veredas com outros sons
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escondendo desalinhos
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É que o mundo é mesmo assim !
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Há um mundo de viver ,
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a subir ou a descer ,
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há princípio, meio e fim !
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ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
Comentários
Gosto que tenha voltado tanto como gosto do texto.
Marcarei presença sempre que puder.
Lembra-se da Olga, professora?
Um grande beijo com muitas saudades, Mestra!