Mãe para uns é pranto
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para outros alegria
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em todas há o encanto
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de ter feito luz um dia .
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Para uns felicidade
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para outros devoção
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para outros a saudade
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que lhes enche o coração
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Faz tempo que fui menina .
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E hoje, pensando em ti ,
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queria ser pequenina !
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Tu sempre a pensar em mim ,
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que bom era fosse assim !
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Pena de mim que cresci !
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ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
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