Noite !
|
Oh, a noite !
|
Gosto da noite, do escuro .
|
A sós !
|
Vê-se com mais nitidez
|
o que está dentro de nós !
|
Nenhuma luz nos afeta
|
nem ruido há que se meta
|
nos nossos olhos cerrados ,
|
estando para cá desse muro
|
que é a luz exterior,
|
que nos ponha inebriados
|
e nos tire a lucidez !
|
Por isso gosto do preto
|
que o preto é a ausência da cor .
|
No escuro vejo melhor
|
nele tudo é mais secreto
|
e até esconde a dor .
|
Essa escura mansidão
|
de uma noite calma
|
em que refaça a alma
|
numa alegre solidão
|
CHÁ D'ABRIL
Ah tragam-me um chá Um chá urgente de menta Ou pimenta preta Ou cidreira ou tília Um chá de sabor a terra De eucalípto ou oliveira Numa chávena de Abril. Ah, tragam-me um chá Com aroma a cravo Também pode ser Um chá em clave de Sol Ou em mi(m) maior Ah tragam-me um chá De todas as maneiras Com aroma verde Em vaso de esperança Também pode ser Tenho sede Ah tragam-me um chá De aroma de maçã Que o chá aquece A alma que fenece No frio deste Abril Em que um cravo canta Esganado na garganta.
Comentários