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A mostrar mensagens de maio, 2020
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Leio versos calmamente um verso é onda que vem molha a areia lentamente o suco a alma o retém. É um mar dentro de mim de água que sal contém e versos em frenesim no seu constante vaivém. O vento é uma fresca aragem que traz novas da viagem de um velho cais esquecido E o mar retoma a paisagem num  vaivém sacudido, num remo em rumo perdido
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IN MEMORIAM Sai-se de cena, apagado o lume. Ninguém escolhe a cor do exílio a língua da noite que nos cega os golfos de terra sobre o chão. A morte é um ramo de sol ardido.
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Juro que tenho fases nas da lua eu me revejo... Lua nova, se me vestes da cor da tua paixão lua cheia, se me trazes o teu amor em botão. Quarto-minguante, se falhas não me deixando um aviso é crescente quando entalhas um brilho no teu sorriso Juro que tenho fases tantas fases como a lua meu amor, faz-me brilhar numa luz que seja a tua.
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Às vezes julgo- me marinha. Há em mim um apelo de mar como se tivesse nascido de uma onda. Sofro dessa ausência de azul esfumado preso às rochas. Ao entardecer, o mar traz mil vozes de gaivotas, ondas baixinhas e balbuciantes com transparência de cristal E o cheiro a maresia numa densidada concentrada. É o concreto perfeito. É a imanência soletrada em voos da alma.  É a hora da carnal unidade. O sol em golfadas laranja nas dobras do ar. Uma estética de beleza impoluta. A medição do belo maturada de matizes acrobáticos. O mar rima com quase tudo o que respinga a rumores de sal. E quando o azul é aberto não é semelhante a nada. O seu corpo diáfano é o esplendor esculpido na idealização dos olhos. Muitas vezes fiquei sozinha nesse mistério de areal à beira do exílio.  Nunca me senti tão lavada. Nasci em Terra, mas fui menina de mar e jovem de mar , antes de ser esta mullher a cheirar a algas.  Alguém me esculpiu para sempre nesse mundo. E um deus tomou -me os olhos para não mos
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Toda a arte é expressão do que seja um sentimento vivido em cada momento fazendo uma figuração do Homem e da sua ação ou do seu comportamento a partir da realidade e do seu entendimento tendo por finalidade induzir uma emoção crítica ou conjetura análise ou aventura por um caminho real ou buscando um ideal que escorra pela mente sofrida, ou alegremente . A obra é a criatura expressão do criador ! É a beleza da arte é expressão de cultura sempre aí em qualquer parte esteja onde estiver vá ela para onde for ou venha donde vier . São os salmos do profeta , são os versos do poeta . São os pigmentos da cor ou os traços do pintor ou cinzel do escultor desbastando sem rancor. São notas do compositor ou flauta do pastor são o texto declamado ou o teatro mimado . Sons e corpos no bailado movimento e fantasia ao ritmo da melodia em compromisso inspirado ! Seja qual for o deleite ou o drama em que se deite , o c
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A saudade é um mistério  quando a porta fica aberta saudade de tanta coisa e toda ela desperta. Saudade de ver nascer  o sol no cimo do outeiro quando o amor canta alto  na fronha do travesseiro. Mas o melhor da saudade  é ser como vela acesa quando depois de um bom prato vem ela de sobremesa. Saudade quem a não tem com boca de mocidade? Só quem não bebeu o mel e até provou o fel da doce flor da idade.
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Só falo da minha vida,  umas vezes divertida e muitas outras sofrida. Foram verbos, são estados cruzados e resgatados noutros tempos relatados desejos que foram passados modos vários conjugados. O tempo e o modo, ligados, também os há separados. É o tempo, é o modo, é grandeza ou pequenez, a ambos eu me acomodo cada um de sua vez . O tempo é ponto marcante, instantes em sucessão . Já o modo é de um instante . Há o tempo sem ter modo, por um nada acontecido, e há vários tempos de um todo conforme o sucedido, uns certeza, outros futuro, de um passado seguro ou de um querer condicional,  são os modos de um só tempo do que seja cada qual . Há passado certamente mas não sei se há presente. Se é que o presente existe quando o for já é passado. Quando não for contratempo, ou apenas passatempo, tempo futuro não há que dele só haverá o futuro do presente que é já futuro
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Quando chegar a hora da borboleta quebrar a asa no ramo da alvorada rumoroso peguem no sol e deitem-no ao seu lado abram-lhe a porta à brisa e ponham rosas cor-de- rosa para que  respire a campo e ouça do vento o canto. Não chorem por ela  que a vida foi o que sonhou e se houve risos, beijos, bagatelas amor foi sempre o que sobrou. Deixem-na na ir no tempo dela para um lugar qualquer fora do mundo respirar ou sufocar num outro ar seja rio, seja mar, no mais profundo. Leiam-lhe os versos que escreveu quando a cinza cair feita poeira e se houver um madrigal de milho cantem-lho na hora derradeira. Assim irá  vestida das palavras que teceu fingindo-se poeta. De beleza efémera morreu a borboleta.
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Sonhei que estava escutando a linda canção do mar e o meu coração bailando procurava o teu olhar. E o mar no seu badalo para me acarinhar fazia do seu  embalo a tua voz a cantar.
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 Mãos Tenho as minhas, não as tuas. Pego então nas minhas duas  uma mão e outra mão  ficam assim a ser duas uma é minha, a outra é tua das duas que ainda o são. São duas, mas só assim. Faltam pois as outras duas. Fico escondida na sombra de uma luz vinda da rua que não é luz mas penumbra. Ponho as minhas lado a lado a um espelho inclinado e ficam duas mais duas. Duas que ficam para mim outras duas são as tuas. Fica essa doce ilusão e menor a solidão .
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Coisa nova é trova nova , luz e som da mocidade Coisa velha, velha trova , é água em tom de saudade. Tombaram no mar donde venho sonhos lindos, ondeados , céus que eram esvoaçados com asas que já não tenho ! Se me repasso e recordo , paro, medito e descanso, relendo o diário de bordo , de sonhar nunca me canso , e assim me fico, se acordo , meu alento e meu remanso !
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Gostava eu de ser mar saber tudo o que conté m para eu própria entender , e ser eu a demonstrar , que a vida que dele vem é razão do meu viver. No ar está o calor que há de fazer mover a água que está no mar , dela saindo o vapor que faz a chuva chover e de novo o alimentar . Há sempre vida a jorrar , algas, corais, animais , no seu ventre generoso . Casando o mar e o ar até há fontes termais nesse ciclo virtuoso . Grande mar, o oceano mar de todos os mares , seu aroma é maresia , das águas é soberano e do azul dos olhares que também é poesia São mares de várias cores às praias dão as areias , as dunas vêm dos seus ventos , nestas despontam amores que ficam bailando nas veias de amantes ternurentos Há mares de todas as dores gostava que assim não fosse são as coisas como são ! São acres os seus sabores mescla de amargo e de doce ao jeito do coração . Com o seu sabor a sal , tenha
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PONTAS SOLTAS Os dias passam breves, um a um, E, em todos eles, muitos nós começo, logo a seguir, os desfaço e recomeço, ao fim, nunca chego com nenhum. Quando esmoreço, logo penso no que eram, feitos de fios e pontas separadas não se quedando, depois, entrecruzadas sendo só restos dos nós que não se deram. Desenrolo-me do meu novelo até ao fim buscando as duas pontas que há em mim desses nós que, com elas, quis fazer meditando porque tudo foi assim, e, pelo menos, desta vez não desfazer uma velha vocação de poder ser.
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Rapaz com cesto da fruta- Pinntura de Caravaggio Em jeito de Ricardo Reis e das filosofias estóica e epicurista Deixa aos deuses o que é dos deuses e colhe o sol que te é dado na ilusão da glória. Ergue a taça da indiferença às sombras que passam porque será tua a sombra que nada te cobrará quando chegar o barco. Coroa-te de heras, rosas e deixa-te ir ao sabor do rio e da placidez das horas. Deita-te na indolência da luz que nem olhos te pede para a gozares num ofertório de solenidade calma. Sê rei de ti mesmo, príncipe do nada e serás menos escravo quando crónos ceifar a hora em que serás nulo.
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Oito anos depois, recordar Bernardo Sassetti.
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Noite ! Oh, a noite ! Gosto da noite, do escuro . A sós  ! Vê-se com mais nitidez o que está dentro de nós ! Nenhuma luz nos afeta nem ruido há que se meta nos nossos olhos cerrados , estando para cá desse muro que é a luz exterior, que nos ponha inebriados e nos tire a lucidez ! Por isso gosto do preto que o preto é a ausência da cor . No escuro vejo melhor nele tudo é mais secreto e até esconde a dor . Essa escura mansidão de uma noite calma em que refaça a alma numa alegre solidão
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Há um rumor primaveril no corpo horizontal da água espelho por onde o sol entra  e dá de caras com o verão. penetrar na água procurar a pedra desatar as sombras iluminar o azul
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Ponho de um lado os encantos neles ficam os meus versos do outro os desencantos é lá que estão seus reversos As rosas têm lindas cores todas têm seus espinhos nos versos ponho as flores troco versos por carinhos Vejo as rosas no  jardim frenesim de passarinhos e também me vejo a mim em meus passos miudinhos  Mas há rosas de outros tons também as há nos caminhos veredas com outros sons escondendo desalinhos É que o mundo é mesmo assim ! Há um mundo de viver , a subir ou a descer , há princípio, meio  e fim !
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Mãe para uns é pranto para outros alegria em todas há o encanto de ter feito luz um dia . Para uns felicidade para outros devoção para outros a saudade que lhes enche o coração Faz tempo que fui menina . E hoje, pensando em ti , queria ser pequenina ! Tu sempre a pensar em mim , que bom era fosse assim ! Pena de mim que cresci  !
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Já que não posso sentir O sonho em sono acordado Ao menos o sonho sonhado Me desse o mesmo a fingir E se o fingir bastasse para o sonho não mentir que minha alma encontrasse quem me faz sonhos sentir.
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Só por ti regressei e trouxe um verso ainda por fazer na minha rua mas que importa a palavra desenhada se o verso por dizer é boca tua?