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FELIZ NATAL, MENINO JESUS!

Que dizer de ti, Jesus que já não esteja dito? Ao menos, no Natal, retiram-te da cruz e retornas à pobreza da riqueza da tua criação: à luz das estrelas, à verdura do musgo, ao aconchego do burrinho que carregou contente o ventre quente de tua mãe, às ovelhas e aos pastores e ao curral onde também uma vaquinha com seu bafo te agasalhou do fino frio de Dezembro; à àgua das lavadeiras, e aos montes com neve, e ao mistério da noite. Não sei se houve pranto nas hora em que saíste, da doçura do mantnto mas na terra houve canto e no presépio sorris eternamente tranquilo, sem o calvário de espinhos e sem a pressa de cresceres para a quaresma eterna. Ao menos no Natal, retiram-te da cruz e dela todos fingem o esquecimento, até os das esmolas. Deixam-te ser menino, apenas menino de todos nós (e isto desde a era dos avós!) até que o novo ano chegue e as janeiras se cantem em dia de reis, por memória tua. Esquecem-te na cruz e reverberas de luz e faz-se a festa do teu nascimento com rabanadas de

SENHOR PROFESSOR!

Ontem assisti a uma conferência, na minha escola, sobre Fernando Pessoa. Não sei se lhe deva chamar conferência, porque, na realidade, ao que eu assisti mesmo, foi a uma aula como já não assistia há muito tempo. E pasmei! Pasmei, não só pela sabedoria, mas pelo entusiasmo com que foi dita: entusiasmo nas palavras que resplandeciam na expressão; entusiasmo nas sílabas pronunciadas com a medida exacta e que poetizavam os gestos; entusiasmo no verdadeiro saber, que não precisa das máquinas, para o ser. Pasmei literalmente e fiquei como que de pena da, quando acabou. Ontem eu tive à minha frente um professor que quase fez emudecer as paredes e que, num auditório repleto de jovens e de alguns professores, fez da palavra Verbo. Ontem, Pessoa, na pessoa do Professor Doutor Mário Garcia, veio relembrar a importância da cultura e da Língua Portuguesa como Pátria, ao serviço de uma suprema missão civilizacional, tal como a via e se via o poeta. Ontem, Pessoa e Reis e Caeiro e mais o Campos marca

LIVRO D' ÁGUA

Há um livro onde me lavo de brancura e de beleza com páginas imaculadas de asas de alta leveza. Há um livro cuja água é onda branca inquieta que não pára não descansa mas repousa às vezes mansa num voo de borboleta. Há um livro onde se deitam meus olhos amargurados e logo ficam lavados de espanto deslumbrados e claros de pureza. Este livro não é fácil de leitura ali ao pé mas basta virar a página para ver na sua aragem a limpeza que há na margem em doçura de maré.

Meu tempo de Natal

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Era no tempo em que havia pai natal que eu existia puro dia tão leve como a noite que crescia no sapatinho inocente no fogão do meu passado na árvore com estrelinhas e nas luzes que piscavam no pinheirinho enfeitado com lume do coração e anjos quase reais que comigo adormeciam a sonhar com pais natais. Era no tempo dos meus pais com a toalha de linho tão branca quase de neve tão pura como o menino que nas palhinhas deitado dormia tão sossegado junto à vaca e ao burrinho e no olhar de sua mãe (como a minha ela maria!) atenta e cheia de graça adorando enternecida a sua obra divina. Era no tempo em que havia pai natal que nada em mim se partia e tudo me estremecia numa doce avé-maria junto ao presépio encantado em que eu era a cinderela com um sapato à espera no fogão do meu passado.

Sonho nupcial

Ai se eu pudera Ser outra vez primavera Com a boca à tua espera Com rosas rubras de orvalho E fonte de água ao luar No lume do teu olhar! Ai meu amor tão eterno De pérolas e de rubis Esmeraldas que eu te dera Se eu fora primavera Na água pura a escorrer Do alto da minha serra! Mas a noite vem caindo Aos poucos em pé de dança E fica longe a lembrança Do tempo que foi e era O meu corpo a Primavera Serenata à tua espera Cabo da Boa esperança!

VERDADE VEGETAL

Seremos o sol do nosso dia, Depois da dor atormentada, Dor vagabunda e traiçoeira, Sem jeito ou maneira De ser pousada Onde o corpo arda. Seremos tantos quantas as vontades De querer mostrar às gentes Que a humilhação nos desmanda Mas que a força que nos comanda É a bússola que segue em frente. Ah, seremos como a torga Que o poeta quis ser, Músculo vegetal, junto à raiz do chão, Verdade de nascer e de morrer.

ROSTO

Éramos muitos no meio dos cardos Todos feridos de fúria e de fogo Mas tardávamos os gestos no silêncio E adiávamos o golpe das espadas. Anoitecia lentamente nos espelhos Onde um ou outro rosto se olhava Na miragem de um vulcão incandescido. Doía a noite. Doía o dia . Doíam os ponteiros do relógio Em cada trovoada que tardava. Doíam os sarcasmos Doía a humilhação Doía a combustão. Tudo me doía, minha mãe, No rosto que sorria.

Parabéns, "Pepo Caleila!"

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Luís(inho), Gostava que fosses outra vez pequenino, porque eu teria menos anos do que aqueles com que a vida te brinda hoje. Tu serias o menininho que metia a cabeça nas grades do quarto andar, para gritar Ibeeeeeel, mal aparecia nas escadas do prédio, para ir jantar a tua casa. Todo tu eras excitação, alegria branca e espontânea, num olhar redondo de sol e de asas. Não sei qual dos dois era mais criança, sei é que nos amávamos com aquele amor que é sempre " urgente como um barco no mar ". Ele era o esconde-esconde atrás das portas, dentro do guarda-vestidos, debaixo da cama, na varanda e até dentro do tanque... Mas do que tu mais gostavas era das histórias que te inventava na hora interrrrrrrminável da refeição! Cada colher era quase meia história que tu absorvias com sofreguidão. Quantas vezes te recontei a do menino e da Lua, a do leão que conheceste na floresta e que vinha dormir no teu quarto para te aquecer nas noites de Inverno? A da lua era a tua preferida e tu já a r

PARABÉNS, "CHEIA DE GRAÇA"!

Se fosses viva, comemorarias hoje 97 anos de idade. Há quatro longos anos que não nos vemos e, no entanto, as horas são sempre poucas para te recordar.Eu sei que não preciso de te lembrar a minha saudade, mas sempre é bom partilhá-la contigo, naquele jeito lindo que foi sempre o nosso amor confessado e assumido com beijos incontáveis, com mãos abrasadas pelo calor do nosso afecto. Cada vez te amo mais, minha mãe, e sempre que rezo uma Avé Maria, na minha oração é sempre a tua imagem que aparece, astral e luminosa . Por isso, minha mãe, te elegi como padroeira da minha devoção; por isso, entendo agora a minha adoração, desde menininha, pela imagem sagrada da mãe de Jesus. Era Maria, enquanto mãe, que me fascinava; era já a ti que eu rezava e pedia protecção; era já, perante ti, que ajoelhava, nessa veneração a Maria, a cheia de graça . A Santa Terezinha da nossa casa ficou comigo. Lembro-me dela, desde o tempo remoto do já lá vai tanto tempo, eu e a Carmo pequenininhas , de pijaminh

SUBITAMENTE

A casa estava silenciosa. Nenhuma asa rompia as janelas Abrindo os olhos aos vidros. Os passos esvaziaram a alegria Da cumplicidade dos encontros No segredo das horas. Subitamente um sorriso Veio da estrada do sol Com o cheiro dos pinhais E a luz das andorinhas Rebeldes. Os passos leves e breves De aguda claridade.

MEU AMOR MAIOR!

Deu-me a vida a tua luz de Maio Estonteada de sol de Primavera E eu pasmei o milagre de ser mãe E nomeei-te meu céu e minha estrela. Deu-me Deus um ser imerecido, Embora te sonhasse radiosa, E hoje ainda pasmo o teres florido Em mim, doce aroma cor de rosa! Deu-me Deus no teu olhar o brilho Talhado em cristal de laranjeira, E a vida ganhou novo sentido. Por isso, se me perco no meu trilho, Ferida das mágoas da canseira, Em ti, busco o porto preenchido.

VIDA

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"Capitão no seu posto" Fez-se ao mar o marinheiro... Ondinha vai, ondinha vem O barco avança, vai mais além. Lançou as redes o marinheiro, Veio cardume bom e inteiro, Peixe sadio e variado, Mas, marinheiro, fardo pesado! Ondinha vai, ondinha vem, O barco avança, vai mais além. Há vagas altas, Há sobressaltos, O barco balança, Mas logo serena Com a bonança, Ondinha vai, ondinha vem, O barco avança, vai mais além. Não se desvia da sua rota. Há muito mar para navegar, Há muito peixe para colher, Há horizontes por desvendar, Há sol ao longe por descobrir, Há onda e onda por florir... Ondinha vai, ondinha vem O barco avança, vai mais além.

EM JEITO DE RICARDO REIS

Serenamente no Olimpo Se coroam os deuses de flores E são felizes. Imitemos os seus gestos. Rosas, orquídeas e verduras São frutos da natureza, Afagos de beijos Com que a vida nos brinda.

MEMÓRIA D'AMOR

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Nao chora mais Inês Nem geme Pedro A dor da perda Que o perdeu d'amor. Junto a Inês repousa Alva garça, flor de neve, Da concha arrancada, Suave pérola. Em Alcobaça o tempo passa Solene e suave, Ténue e leve. E passa o Mondego Em degraus de água Azul macia. Alto, o céu guarda As almas luminosas Do amor eterno. Celebram núpcias As Lágrimas da Quinta Assim chamada Em memória da dor. Mas é só ardor agora: Inês não chora Pedro não geme E AMOR não teme.

AMOR A(MAR)

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Tenho andado por aí Sempre esse chamamento Sem tempo As dunas lá E os montes de água Com odores salgados De águas sedosas Como espelhos Este amor donde vem Que sempre o trouxe Dos pés ao cântaro Rente à água? Amor lavado Flor do mundo Sem espinhos Nenhum. Praia mar de mim Traz-me retalhos Em pleno Agosto Da luz da maresia E do odor a sal Morada nupcial Concha pura Voz luminosa Vela barco Eu maria.

Verde, amarelo, azul marinho....

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Este meu blog tem sido painel de momentos felizes da família Castanheira: casamento da Marta e Miguel, aniversário da miau-miau, aniversário da mãe da dita gata, minha "mana" Cinda, e, hoje, o do António Castanheira, patriarca desta família e avô da "Matildinha, sua marota". O Castanheira é família, obviamente. Não vou falar muito dele, porque é uma pessoa muito discreta: vive para dentro os seus sentimentos mais íntimos, preserva a interioridade das paredes do seu coração. Mas é talvez o primeiro a vir a este cantinho de escrita colher os frutos que semeio e a água do meu mar de ondas doces e, às vezes, levemente crispadas. Colega do meu marido desde o tempo da faculdade, seu companheiro de república nos anos de ouro da vida, os alicerces dessa amizade são perenes e sólidos. O Castanheira é um homem muito culto, muito honesto, muito simples, muito humano e muito coerente com os seus princípios. E esse " muito " em tudo é, por vezes, muito doloroso

Feliz Aniversário, Compadre!

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Este meu blog tem sido painel de momentos felizes da família Castanheira: casamento da Marta e Miguel, aniversário da miau-miau, aniversário da mãe da dita gata, minha "mana" Cinda, e, hoje, o do António Castanheira, patriarca desta família e avô da "Matildinha, sua marota". O Castanheira é família, obviamente. Não vou falar muito dele, porque é uma pessoa muito discreta: vive para dentro os seus sentimentos mais íntimos, preserva a interioridade das paredes do seu coração. Mas é talvez o primeiro a vir a este cantinho de escrita colher os frutos que semeio e a água do meu mar de ondas doces e, às vezes, levemente crispadas. Colega do meu marido desde o tempo da faculdade, seu companheiro de república nos anos de ouro da vida, os alicerces dessa amizade são perenes e sólidos. O Castanheira é um homem muito culto, muito honesto, muito simples, muito humano e muito coerente com os seus princípios. E esse "muito" em tudo é , por vezes, muito doloroso.O Castan

M.M. Deram o Nó a 12 de Julho

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12 -número com a simbologia da União : o um que se transforma em dois , de mãos dadas... Ana Isabel Fidalgo (estrelinha) Atrevo-me a conjugar contigo o verbo amar, Variações no mesmo tom o nosso amor! Talvez amor seja sempre o começar Talvez amar seja sempre o nosso ardor. Eu amo é plural numa só voz. Amamos é o singular de ti em mim. Amar é infinito aqui e lá Amar? O mar de nós, amor sem fim. Atrevo-me a dizer amor na madrugada Ao pé da luz o nosso amor se aconchegou Amar urge claro conjugar Amar de mim, amar de ti, amor bastou. Onda embarcada o nosso amor Na maré da paixão vale afogar Foguete vermelho o amor de nós Solfejo de sol o nosso olhar. Maria Isabel Fidalgo

Quadras ao acaso ( para a Marta, minha afilhada)

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Mente a boca quando mente A dizer que não que não Mas contente finalmente Com a batuta na mão. Ai rio lá dessas bandas Manda água com fartura Para lavar tuas margens Do lixo e da impostura. Eu vi galinhas pequenas Com asas de gavião Mas voavam rasterinhas Quase coladas ao chão. Ai Senhora d'Agonia Ajuda quem tu puderes E dá legumes aos homens Já que não dás às mulheres. Eu gosto de quem me gosta Destemida como sou E dou açoites e beijos Mas ninguém mos ensinou. Que bom é viver igual Ao que por dentro se sente A gente vê-se ao espelho E o espelho é que mente. Não me diga a boca não Aquilo que hei-de fazer Que a idade já pesa E não o quero dizer. Já se deitou meu amor Vou-me deitar ao seu lado Nos braços do meu amor É bom estar acordado.
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"MON PETIT COEUR" Um pedacinho do coração, Um pedacinho me basta, Para ser asa que passa Rente à àgua Que me lava Da lama da agonia, Ontem noite Hoje já dia, Meu coração moliceiro, Enamorado da ria.

FÉNIX RENASCIDA!

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Meu coração remoçou, Libelinha levezinha, Na praia da emoção Onde me sinto rainha. Viu renascer ressarcido, Qual Quixote dado às cinzas, Um cavaleiro gigante, Apedrejado e ferido. Ai, alma de cavaleiro, Cuja MUSA está na altura, Ergue-te, luz radiosa, Desse chão da sepultura. Levanta alta essa espada Excalibur da bravura, Que um coração alado Vê para além da lonjura. (Já te assustas, Sancho Pança Com os moinhos de vento De teu amo sonhador, Céu de sol, mesmo ao relento?) Ergue-te, botão de rosa, Raiada por teus espinhos, Porque na mora da noite Eles são os teus moinhos.

MAR DE MINHA MÃE

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Quero-me mar de minha mãe Musa de mim eterna e meu poema Solstício de fogo e combustão Ardente vulcão da minha pena. Nela semente despontei No verde arejar da Primavera E numa asa azul me elevei Tão leve, que me fiz de aguarela. Isto me dizia a minha mãe Com mimos de sorriso no olhar Meu refúgio de mel, ó minha estrela, Meu pão-do-céu de respirar! Ando ainda, às vezes, lá por cima Em nuvens enroladas de algodão E fica-me mais perto a minha mãe E fica-me adoçada a inspiração.

Meu Menino Pessoa

O Fancisco fez dezoito anos. A mãe andou a compilar textos do filho , desde que ele era pequenino. E textos das pessoas que "marcaram"o Francisco. Pediu-me se escrevia umas palavrinhas. Depois, os próprios amigos também me vieram pedir. Fi-lo com orgulho, por saber que não foi em vão um convívio de três anos, com este e com outros alunos. É bom saber que deixamos boas recordações. Há pouco mais de um mês,no DIA DA ESCOLA , o Francisco, o Bernardo, o Pedro, o Zé António dramatizaram Pessoa e os seus heterónimos , tendo também marcado presença a Ofélia, com a voz da Andreia numa" carta de amor ridícula". Foi um número bonito e sóbrio, que foi reproduzido numa tertúlia de sobremesa, confeccionada por mim e por eles, na Casa do Professor. O Francisco vestiu a pele de Fernando Pessoa, facto que inspirou o texto que lhe escrevi. Não se pense, no entanto, que eu distingo o Francisco dos outros alunos que eu adoro, mas realmente , tenho de confessá-lo, fiquei emocio

O NOME DO PECADO

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É preciso recordar o medo E trazê-lo à luz da hipocrisia É preciso recordar o Holocausto Com olhos viúvos de alegria. É preciso chamar a humanidade Ao espelho da sua cobardia E recordar os corpos desnudados Magros de sonho e fantasia. É preciso recordar os rostos De quem não pediu para nascer E chorar com lágrimas de sangue As crianças que não chegaram a crescer. É preciso lavar o rosto até varrer A poeira libertada da amargura Dos que lixo foram antes de o ser Na cova da anónima sepultura.

LINDO E PONTO FINAL

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Na minha vida de professora com trinta e cinco anos de serviço, fui encaixilhando, na memória e no coração, rostos de meninos e de meninas que vi desabrochar e florir com formas e com cores variadas, com perfumes ora doces ora agrestes, ora claros ora escuros, ora garridos ora pálidos. Por mais que se diga, não se consegue gostar de todos os alunos da mesma maneira, o mesmo se passando com eles em relação aos professores. É tudo um processo normal, pois o coração selecciona tudo de acordo com os acordes que lhe ressoam mais musicais. Tento amar os meus alunos todos e gosto que eles gostem de mim. É uma vaidade da qual não prescindo. E gosto que enriqueçam a sua sensibilidade, despertando-lhes o gosto para a poesia e para a arte. E retomando a música e a arte, quero recordar um aluno lindo que se chamava Maximiliano.Era alto, elegante, olhos verdes e olhar malandro e simpático. Gostávamos um do outro, numa empatia que se deu à primeira vista. O Max gostava de português e de textos bonit

Meu tempo de bibe

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Quando abro as janelas da memória E deixo o pensamento libertar-se em mim Ocorrem-me telas de sonhos dispersos Com asas de aves e de querubins. Voo nos baloiços puxados pelo vento Adormeço, ouvindo, de mim a mãe, o canto E por sonhar que sou pequenina Torno-me princesa como por encanto. Corro na praia, puxando um fio Onde um papagaio no céu rodopia Juntam-se ao meu, risos de crianças E sobem no ar balões de alegria . Vou para o colégio no meu bibe rosa Bordado a branco, o nome Belinha O meu pai prende numa mão a pasta E segura na outra, a da formiguinha. Mas, de repente, as janelas batem E fervem na alma pesadelos loucos O tédio e o cansaço vêm ter comigo E mirram-me os sonhos aos poucos e poucos. Já não sou a Branca que era de Neve, Já não ouço, ao dormir, de minha mãe, o canto O tédio e o cansaço vêm ter comigo E, por isso sucumbe, o meu olhar em pranto. Meu pai já passou a margem do rio Entregue

Habemus Advocatam

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Colhe o louro, filha, Que o esforço é teu Mais a virtude e o saber Desgaste e alimento Que sempre hão-de soprar Vindos do Norte, Estrela com sorte, Com que te baptizei Desde a semente Mas já uma ponte Para o horizonte De harmonia solene Branca areia onde O sol leve ferve.

VARIAÇÕES DE AMOR

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Homenagem a Luíz Vaz de Camões . Amor é cor de flor que abre e não se vê É onda do mar que afoga e não naufraga É uma alva manhã que traz a noite É agarrar o mundo e não ter nada. É um não querer mais que bem sentir É um foguete a estrilhaçar sem estridência É um grito alarmante sem rugir É um afago de dor sem clemência. É um ser-se doido por vontade É dar a quem não pede a própria vida É ser algema nas mãos de quem nos ata. Mas como evitar amor esta ferida Que a morada da alma desacata Se ela mesma é em si desprotegida? Amor em rodopio Amor é passarinho Amor é foguetão Amor é piriquito Amor é combustão. Amor é belisquinho Amor é arranhão Amor é pastelzinho Amor é salpicão. Amor é estrelinha Amor é trovoada Amor é pingo doce Amor é feijoada. Amor é baloicinho Amor é escorregão Amor é passarola Amor é avião. Amor é barraquinha Amor é casarão Amor é carnaval Amor é oração. Amor é brincadeira Amor é trambulhão Amor é beijoquinha Amor é

TEMPO BREVE

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Há um tempo breve em todos nós Mais breve em alguns com menos sorte Há uma estrada breve que se estende Por um tempo sem fronteira ou passaporte. Há um tempo longo que coabita Com o tempo em que breves habitámos É o tempo do bibe dos meninos E dos amores e encantos que sonhámos. Há uma história breve em cada nós Mais breve que o sopro de uma vela E um mar apressado onde repousa A jazente caravela da espera. Há um tempo breve em cada nós Tão breve quanto o Tejo do passado E há dentro de nós uma guitarra Que o canto é sempre a voz do fado.

Feliz dia dos namorados, estrelinha!

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Não vem meu amor Que está afastado Em lugar distante Bem aqui ao lado. Bem aqui ao lado Do sol da ternura Meu amor, meu bem Meu cais de doçura. Meu cais de doçura Faz tempo sobejo Que eu não te vejo. Que eu não te vejo? Foi já há três dias ... Meu amor, sem ti, As horas são frias. As horas são frias Mas brasa o calor Deste filigrama De ouro de Amor.

Aguarela cor-de -rosa

Só posso cantar-te a cor-de rosa E pintar-te em aguarela impressionista Com traços imprecisos mas seguros, -Palavra dissílaba e clara- - Meu redondo afecto- De vinte e cinco anos e mais nove Os meses de nós duas em segredo, Secreta união de encantamento Em que o tempo pasmava de suspenso O berço do teu inho respirar Em mar aventre, - O meu- ! Do teu esvoaçar primeiro E do teu sonhar na praia Só eu colhi a asa - -Meu céu-! E leda contigo conjuguei Um sonho sussurado no umbigo, -Meu abrigo-!

Turma D, 12º Ano

Olá, menina aluada Mas só aparentemente Além de boa cabeça Tens um coração que sente. E sente tão bom sentir Com um sentir disfarçado Que vale ouro, vale vinte, E que vinte tão bem dado! Já está mais inibida E até levanta o dedo A tímida menininha De precioso cabelo. É tipo despreocupada De Einstein ,a cabeça E sempre que abre a boca Nunca a língua lhe tropeça Nunca a língua lhe trope Tem cultura a dizer chega, Não me deixes ficar mal , Queo seu poço profundo É de cultura geral. Tem feminino no nome De grande Imperador E das novas cá da turma Tem doce voz de licor. De trovão voz poderosa Olhos descidos do céu Postura ainda inibida Mas que lindo o riso seu! Outra voz inconfundível De riacho, rio e mar E olhar para os seus olhos Dá vontade de sonhar. Raramente se revela É calada e reservada Mas é perfeita em tudo E tem escrita esmerada. A primeira vez que li Primeiro teste lavrado Caiu-me água dos olhos Deixei o teste molhado. Anda sempre no arejo Faz vida de bom turista Preciso acerta

E saiam mais adivinhas!

12º B- Aqui vão mais cinco Gosta de Afonso, O Zeca E também de Jacques Brel Quem tem gostos requintados Colhe abelhas para o mel. É culto, sábio, morenos, Seus olhos de encantar, E as melgas são de muitas E ele deixa-as pousar . Alto, elegante, esguio Lembra mesmo um figurino E se puser os acentos Será perfeito menino... Olhinhos de dorminhoco De azeitona escurinha E sorrisinho malandro Quando bota uma gracinha ... Nem sempre acerto no nome Mas sei bem quem ela é Atinadinha, educada Leitura bem esmerada E sempre de mim ao pé. Fotogénico, queridinho De um qualquer de Mesquita Cabeça de sol e oiro Tem mesmo pinta de artista. Menino de sua mãe Assim é que deve ser Hoje ainda a sou da minha Mesmo depois de morrer. Vive em Braga e tem o nome Da que fez de Gabriela E cheira a canela e cravo Como a da telenovela.

Adivinha de quem falo

Alguns alunos meus vêm cá deixar-me palavrinhas simpáticas mascarados de pseudónimos ou de heterónimos. Já lhes agradeci a gentileza do gesto e o carinho que têm demonstrado. Outro dia, a turma do 12º B disse-me que tentou fazer um comentário através do computador da escola, mas que não conseguiu. Eu fiquei contente por eles gostarem de partilhar pedaços da minha vida, coisa que eu faço sempre, porque levo sempre este coração aberto e extrovertido para a sala de aula. E as piadas. E as gargalhadas.E o a sério, quando é a sério ,e o a sério quando é a brincar, porque eu, quando brinco, é para sujar os lhos com lágrimas ,e eu gosto que eles gostem e eu gosto de os ver sorrir. E eu gosto de lhes falar de experiências minhas, combinadas com os assuntos que se vão ensinando e aprendendo, e assim somos mais amigos e gostamos de estar juntos e as aulas são de festa. Na última aula prometi, que, de vez em quando, vou deixar aqui uma adivinha em forma de verso, ou em forma de provérbio , para e

Fruto de trinta cheio de pinta...

O Miguel é o elemento mais novo da minha família e já tem trinta anos. Feitos hoje. É o tal das miguelices do piano de notas de mi e si, daquela graça de que já vos falei e que se chama Marta. Se não está actualizado vai ter de fazer o favor da ir ler o antepenúltimo fruto que floresceu nesta árvore. Se não o fizer, fique leitor da mesma, que a sua semeadora agradece. Na realidade, só conheci o Miguel uma vez, mais precisamente no Domingo passado, quando veio com os meus irmãos e sobrinhos cá almoçar. Para quem pensar que eu estou maluca, terá obrigatoriamenta de recuar também nos frutos e colher os que já amadureceram, para poder saborear este, que também começa a ficar madurinho, apesar de ser o mais novo. E que fruto! E que apetecível! E que aspecto robusto e seguro, não fosse ele saboreado pela boca da Marta que é uma esquisita e preza--se de paladar requintado. Ainda Bem! Tudo isto para dizer que gostei do Miguel e dos seus gostos: piano pianinho, anel discreto,miau, miau, e

Ok,fruto-seguro!..Fala a madrinha da Marta!

A Marta é morena e a madrinha desta graça sou eu. Leia-se graça como metáfora de cheia de graça quando ela passa, que o mesmo é dizer que a rapariga tem um rosto abençoado e uma boca bem humorada, sempre pronta a metralhar na hora certa sem falhar o alvo. E o sorriso:-)? Insisto, portanto, na sua graça e, quanto a isso ,havia muito página a escrever, mas como dizem que lhe pus bem a mão por cima, não me fica bem enumerar outras graças suas, para calar as más línguas que dizem que gosto de me ver ao espelho. A Marta poderá confirmar tudo o que afirmo.É só telefonar-lhe. Vá telefone-lhe. Faça-o já ,e ouvirá uma doce cantata, acompanhada ao piano com notas de mi e si, a aveludar ouvidos lenhosos. Já houve algum tempo de inflexões em dó, quando a alma da Marta tocou um nocturno de Chopin virado para a plateia que era ela própria .Então fechou o piano .Mas quando o abriu, as notas vieram mais firmes e mais depuradas. A Marta também é gatinha de miau madriiiiiha e miau padriiinho e o meu

Agradecimento estelar...

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O ano começou bem, porque veio em forma de estrela.E veio de soslaio e veio de mansinho, tal como eu havia dito. E veio em passo de dança, que é o mesmo que dizer que veio em forma de avô e em forma de mim, que os genes também se manifestam em artes de borboleta. E outras artes que não me fica bem referir, mas que lembram chilreios de deusa em noite de águas mansas. Ora tendo vindo em forma de estrela, veio com aquele brilho fúlgido que ilumina esta estrada por onde ando, em encruzilhadas mais de cinquenta, mas sem grandes sulcos, porque antes desta estrela, havia outra. Havia não é o tempo correcto. Há. Estas duas estrelas têm a particularidade de possuirem o mesmo brilho , projectado de direcções opostas, mas convergentes: uma brilha do alto, do céu imenso onde habita por direito próprio; a outra brilha na terra, mas adora a lua, por isso vive em posição verticall ascendente. Ora com estas duas estrelas, não posso queixar-me de falta de luz. As duas cumpliciam a toda a hora, no se