Mensagens

A mostrar mensagens de 2010

"Ai minha mãe, menininha"

Imagem
Dobram os sinos e a tarde esfria quase glacial e muda como tempo de morrer. Agitam-se corpos atirados para a azáfama mercantil do gasta e desgaste de haver natal e tudo isto me traz descida em mim uma tristeza de fazer mal. Bethânia e Caetano cantam oração de minha mãe menininha e pousam-se-me os olhos hoje mais verdes no varandim da saudade. Ai minha mãe minha mãe menininha... ecoam as vozes suaves pela casa do meu ser em trambolhões de lágrimas e o pinheiro pisca com luzes sem luz de nada haver hoje em mim de Natal. Ai minha mãe minha mãe menininha... Canta Dona Canô nessa doçura abençoada com o olhar de minha mãe assim velhinha ela também quando a onda se fez da cor da sombra. Canta Bethânia Caetano canta canta dona Canô a dor desse canto. Ai minha mãe!

ESPERANDO MEU AMIGO

Imagem
Menina minha pátria maresia com salitre no rosto encandescido dorme comigo que minha mãe já foi... e estou sozinha. Menina amor Traz o passado das romarias De San simion de Vale de Prados e uma canção de candeias a arder. Menina galega flor galga as marés e traz-me abraços do meu amigo debaixo das avelaneiras floridas onde me bailo fermosa em cós de corpo velido Eu esperando meu amigo. Eu esperando meu amigo.

CARONTE

Imagem
São de pedra as horas e o vinagre morde a boca dos profetas. Talvez um dia um barco... Mas o tempo é duro e as abelhas fervem no pântano. Na cruz,  Deus! Na penumbra da terra os barqueiros têm os mastros quebrados. Não podemos partir -dizem- Mas Caronte aguarda o peixe miúdo para a larga barca s deuses sacrificados na de palavras vãs. (Pai, por que me abandonaste?)

FELIZ DIA, MÃE!

Imagem
Querida mãe Ainda continuam as saudades e os soluços sufocados no travesseiro na hora de dormir. Fazem- se de fontes as águas dos meus olhos quando te escuto os passos.Ouço no corredor o teu andar miudinho, a entrar de veludo no quarto da Ana para não a perturbares nos estudos. O eco da tua voz sacode-me no arfar da noite e as estrelas apagam-se nesse mistério de silêncio em que tudo fala de ti e nada dizes. Ou és tu que escreves nestas mãos saudosas? Sabes, fui a Milhazes à tua escola e à procura das Britos. Lá estavam elas, entradotas, a abraçarem a tua belinha e gastámos o tempo a falar do passado como necessitadas de pão. Fui ao Eirogo à procura daquele paraíso onde o pai era a "estrela da companhia". Só silêncio e ruína, mas a mesma sensação de afago e de fogo. Bonito o Eirogo! Passeei no silêncio dessas cinzas e sentei-me contigo naquela nossa árvore. Recordas como te chamei com palavras magoadas? O tempo chegou a parar. Ficar ali para sempre! Outros têm parti

SAUDADE

Imagem
V em descendo uma saudade Do que fui e não provei Saudade de ter amado O quanto à vida não dei. Saudade de minha alma Ave de sonho a voar Quem me dera ter as asas Onde pudera m'achar. Saudade de mim criança Junto ao mar a baloiçar Uma dança ou talvez trança E meu pai a m'empurrar. Saudade de ter morrido Na menina que fui lá Um brinquedo de boneca Que me esqueci de guardar.