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A mostrar mensagens de 2007

FELIZ ANO NOVO

Vem mais um ano. Ele aí está, desejoso de entrar, desejoso de que ergamos as taças de champanhe para brindar a sua chegada. Vem sorrateiro, vem de mansinho, vem em passo de dança, até que a hora fenestral chegue, a contagem dos minutes asfixie, a dos segundos agonize e ele, triunfante, possa entrar. O actor entra. Ele é o protagonista da cena toda pejada de luzes, das mesas a abarrotar de iguarias, dos vinhos régios a adoçar os canais por onde desce, das rolhas que estoiram em frenesi de excitação, das luzes que piscam num arraial de euforia, obrigatoriamente contentes, dos foguetes que se atropelam em gritaria, de braços para o ar e para a imensidão da esfera celeste. O actor entra triunfante por entre aplausos, mal o pano se abre e a cena começa. Ninguém sabe qual o papel que ele escolheu para os actores com quem vai contracenar, mas todos os que têm saúde, juventude e a digestão preenchida, sorriem perfumados, lindos nos seus fatos de luxo, nas sedas que luzem entre decotes atrevido

O meu nome é Ibel

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O primeiro menino a explorar e a atiçar a minha imaginação foi o Luís. O Luís é filho dos irmãos que eu escolhi, e foi uma das escolhas mais limpas da minha vida. Os meus irmãos são a Gracinda e o Castanheira, e a minha filha trata-os por tios. Este tratamento nasceu espontâneo, como brisa que se dá a outras brisas, porque o tempo assim quis que se dessem. E, às vezes, o tempo acerta na hora e no momento. Eu sou madrinha de baptismo da Marta e a Cinda é madrinha de curso da Ana, minha filha. Continuando com as brisas, o Luís tinha os olhos grandes e redondos e adorava histórias, sobretudo as que eu lhe inventava. E quantas lhe inventei enquanto comia, que ele era um diabinho na hora da refeição! Cada três colheradas era uma história, e então vinha o lobo que gostava de meninos e dormia com eles no Inverno para os aquecer e fugia de manhã para a floresta, vinha a lua que se tornara amiga do Luís numa viagem de avião, vinha o mar em baldinhos a escorrer da minha imaginação transbordan

Poema em carta à mãe natal

Querida Mãe Natal Aí onde estás, não entre as renas, Mas vestida de estrelas soalheiras, -Espaço estelar onde o espírito cintila- Nas palavras escritas que me ditas, Faz-me ser, se possível for essa proeza, Ser eu, cada vez mais, a filha tua, À altura da pessoa do teu nome E no Amor lavado com que me vestias No dia a dia, que por o ser, Era sempre Ano Novo. Não deixes esmorecer a tua Bela Para ti, sempre vela natural, E incendeia de chama, brasa, Luz de ti, A braseira da minha alma de NATAL.

CHOVE A MINHA MÂE!

Escorre molhada a água Que transborda salgada Dos olhos do céu Minha mãe não vem Minha mãe morreu. Mora minha mãe Memória acordada Na saudade acesa Na noite fechada . Canta sua voz Cantiga de amigo Cantiga de amor A velida é a Bela Flor, aguarela Macia na dor. Chove a minha mãe Enquanto eu for Essa donzelinha Menina cantiga Trovador de amor!

Que riacho de graça!

Os dois versos deste poema saltitante surgiram, em contexto de sala de aula, a propósito da palavra"arroio", do poema" D. Dinis", da Mensagem. O Pedro, "menino" de voos e alturas, disse que riacho não era muito musical e que preferia regato. E logo eu:"Que graça que acho ao riacho que és!". O Pedro sai logo com outro verso, mas a turma optou por este. Pedro, vais ter que nos convencer! Eu sei que vens aos Frutos, portanto, pula, Pedrinho,Pedrinho pula! Para ti, Pedro, aqui vai o meu" riacho ". Cuidado! É tudo fingimento, mas com muito amor. Que graça que acho Ao riacho que és Ao sol que escondes Debaixo dos pés. À onda em baldinhos Da água do mar Solfejo de luas Nesse teu olhar. Que graça que acho À graça que tens Morango na boca No odor em que vens Que graça que acho Aos teus rebuçados Beijinhoss de mel Mal dos meus pecados BEIJINHOS!!!!!!!!!!!!

A pedido da minha "estrelinha irrequieta"...um belo texto!

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" Amor, Compaixão e Liberdade: vale a pena viver e lutar ! Não sei quanto tempo me resta de vida. Nenhum de nós sabe ao certo e é bom que assim seja. Quando temos 20 anos, pensamos ter a eternidade terrena e ainda bem! Temos então forças e sonhos (ou pensamos ter!) para mudar o Mundo, torná-lo muito melhor, se possível no paraíso reencontrado. Não há então montanha inacessível, obstáculo inultrapassável, desafio impossível. Já tive 20 anos. Era de aço, dizia o meu Pai, e tinha muitos sonhos. Foi lindo. Pensava que nascíamos todos puros, ingénuos e bons. Magnífica primavera com miragens idílicas: teria o meu hospital no mato tal Albert Schweitzer! Hoje, perto de completar 56 anos, já não sou de aço, já não consigo ficar três dias sem dormir, sempre a trabalhar a olhar pelos meus doentes, como fazia nos hospitais de Bruxelas...Estou no Outono da vida e o Inverno vem a galope...Já não há eternidade terrena, já sonho menos, já só há efemeridade e bastante inquietude pelo estado do Mun

Melopeia do tempo ( IF)

SE tiveres um bocado de tempo Um bocado precioso do teu tempo Um momento breve de minutos Ou doces momentos de segundos Atravessa a ousadia e vem dormir Neste leito onde a chama arde Sem que se faça em cinzas Aqui é amor apenas e graça A música que vem de ti Doce Chopin do meu piano Barco pronto a partir Pelo teu rio acima Tejo que quero descobrir.

Primeiras Memórias

As minhas primeiras memórias da pessoa menina que fui remontam aos três anos. A primeira e a mais fiel foi a da minha ida para o infantário, o Colégio de Santa Maria. Este foi um dos primeiros espaços onde a avezinha se atreveu aos primeiros voos, naquela casa de corredores compridos e salas amplas com imensas bocas de luz e um terreiro de muros altos e árvores frondosas que nós, meninas de bibe escalávamos, atropelando-nos umas às outras, em gritaria sôfrega e desgarrada, a ver quem chegava mais perto do céu. Mas a primeira memória foi muito dolorosa e ainda agora, à distância de tantos anos , ela emerge inteira e pesada para me afrontar. O átrio estava cheio de baba e ranho, algazarra, olhos com mar invernoso e ondas inquietas, freiras, mães, escadaria de pedra austera e eu agarrada à minha mãe, aos gritos, enquanto a irmã Pia Maria me falava com a mansidão desejável( mas que ela sempre teve) , em situações tempestuosas. Recordo o grito lancinante que soltei quando

Flash

Tirei uma fotografia ao coração E pus-me a observá-lo Era pequenino e tinha na mão Um bibe de menino. Peguei-lhe ao colo Trouxe-o ao jardim Fez- de flor E deu-ma a mim.

Memórias de mim

Tenho dificuldade em relacionar-me com todo o tipo de aparelhagens, logo tornava-se impensável, para a pessoa que sempre fui, poder um dia familiarizar-me com um computador. Sempre fui de palavras escritas com caligrafia própria que pudesse , ela em si, falar de mim, como quem tira um retrato ao coração. Mas as coisas acontecem devagar e, sem saber bem como, eis-me aqui a escrever no meu blogue (imaginem, eu , a de frutos de mim e mar, tenho um blogue!) e, numa embarcação de remos inseguros, vou " de ilha em continente", vendo "o mundo de repente", surgir "inteiro" neste écrã do mundo. Não sei até onde me vai ser possível navegar, mas na viagem há marinheiros mais habituados a estas lidas que estão sempre dispostos a salvar um náufrago. Espero bem! De mim, a promessa de que hei-de voltar a mim e aos frutos. Do mar, é um amor que só eu sei .Tem odor de beijos com salitre e paladar de maresia alada que me faz guindar às alturas. E tem o primeiro amor. E