Memórias de mim

Tenho dificuldade em relacionar-me com todo o tipo de aparelhagens, logo tornava-se impensável, para a pessoa que sempre fui, poder um dia familiarizar-me com um computador.
Sempre fui de palavras escritas com caligrafia própria que pudesse , ela em si, falar de mim, como quem tira um retrato ao coração. Mas as coisas acontecem devagar e, sem saber bem como, eis-me aqui a escrever no meu blogue (imaginem, eu , a de frutos de mim e mar, tenho um blogue!) e, numa embarcação de remos inseguros, vou " de ilha em continente", vendo "o mundo de repente", surgir "inteiro" neste écrã do mundo.
Não sei até onde me vai ser possível navegar, mas na viagem há marinheiros mais habituados a estas lidas que estão sempre dispostos a salvar um náufrago. Espero bem!
De mim, a promessa de que hei-de voltar a mim e aos frutos. Do mar, é um amor que só eu sei .Tem odor de beijos com salitre e paladar de maresia alada que me faz guindar às alturas.
E tem o primeiro amor. Esse alarme de eternidade.

Os frutos levam-me à aldeia da minha infância, ao acordar dos sinos, aos campos onde me perdi e escondi para ser mais deles, aos regatos e ribeirinhos, à água da fonte que cantava nos cântaros, ao nascer da alba, mesmo em frente à janela do meu quarto, ao luar de Agosto, ao setembro das vindimas, às soquinhas que o meu pai me deu quando fiz anos, à filha da professora, a minha mãe, a quem dedico este blogue, esperando que ela me veja das estrelas onde eu a situei, porque a luz mais pura foi sempre ela que ma acendeu para que os cactos não me ferissem.
Ao meu pai, a gratidão eterna pela brincadeira, as histórias, o canto, as quadras, a gargalhada, o tango, a valsa, o chá-chá-chá, levando-me com ele, em voos de andorinha, ao pino do paraíso.

Para a minha filha, MEU AMOR MAIOR, fruto de mim e mar, que o seu coração guarde a memória do tempo.

Comentários

TempoBreve disse…
Aleluia!

Para quem é de palavras escritas com caligrafia que falem de si, isto do computador é compensador e desafiante. Oculta-se, é certo, aqule "si" da caligrafia, mas não tenha pena, que ele vai acolher-se,naquele outro "si" que vem quase inteiro nas palavras escritas, iluminando-as mais, neste ecrã do mundo.
Não tenha receio, que os marinheiros existem ainda. Possivelmente, dar-lheão as técnicas e opiniões. Mas os remos e o rumo, não. Esses terão de ser sempre seus.
Volte, sim, a si e aos frutos, que se anunciam bons. E o seu mar, tal como o descreve,dar-lhe há certamente confiança e força. Quanto àqule seu amor maior que é memina, destacado em maiúsculo - o fruto desse amor outro que só você sabe e guarda -, é certo e seguro que ele guardará a memória do tempo e de si. O que é mais uma razão,e forte, para que você a vá registando aqui.
Como seria e será o seu andar, se guiado pelo bater das soquinhas? Compre umas. Ainda as há. Das verdadeiras. Na vila mais linda. Pode ser que elas, no andar que for seu, batam, por magia, o ritmo mágico das palavras escritas,que falarão de si. E de nós também.
:-)
Ibel disse…
Obrigada por ter sido o primeiro! Não se ria , que não há qualquer intenção maliciosa ou falsa nesta mensagem de gratidão. Se calhar, há graças embeiçadas que começam a andar de olhar ensismemado e embiocado,vá-se lá saber porquê.
Eu sei que os rumos serão sempre meus, mas é bom ter estrelas do norte que nos guiem em percursos hesitantes. Talvez assim se dê o milagre do sal.
Há qualquer coisa na sua escrita, mistura de terra, rocha,pássaro,árvore e raíz que me encantam. Bem, eu não devia alimentar esse seu pendor narcísico; mas você merece.
Gostei muito do "Aleluia".
Anónimo disse…
Um AMOR MAIOR como o teu só pode ser recíproco...
Deixo-me levar no enleio doce e seguro das tuas palavras, num mar que é agora outro mas sempre o mesmo em ternura, como aquele de outrora, o primeiro de todos os lares!

Beijos da tua "estrelinha irrequieta"!
Ibel disse…
Olá minha estrelinha!
Curioso como as pessoas que mais amo são tão estelares!
Para ti inventei histórias, seguindo os passos de quem para mim as inventava, quando o sono tardava e a noite era escura.Na menina dos teus olhos meninos,reencontrei-me vezes incontáveis e regressei ao meu primeiro lar de aconchego.
Ao teu lado, estrelinha de mim,senti o milagre da criaçao e o sentido mais limpo da vida.
Obrigada por existires e por teres vindo a este blogue onde falarei de ti, falando-te de mim e dos que em mim permanecem na memória da gratidão e da alegria.
Anónimo disse…
Que coisas lindas ditas de um mar para outro mar...os peixinhos estão a admirar e a balbuciar:
«-Estamos com sorte!A maré promete...!»
Ibel disse…
Obrigada por ter vindo ao meu blogue e ainda por cima com um nome tão cheio de ritmo chileno.O seu pseudónimo( ou é heterónimo?)é composto por um conjunto de fonemas que permitem múltiplos acasalamentos ,Aiguns deles qu desagum em palavrs para mim preciosas: Ana, água. E outros:rara,ara,ar,gana,rua,nua...
Descubra você mais algum.
Não se esqueça de voltar!
Anónimo disse…
Olá cara Ibel,
Sim, não foi por acaso que escolhi tal heterónimo.Estão nele quase todos os elementos que compõem o universo:ar,água,terra e o fogo que falta,esse,está em mim.
Nele residem também traços meus de carácter,de atitude,o que «abana»(outro acasalamento fónico)os corações mais murados,mais torturados,uns mais vivos,outros mais apagados,dando-me certo garbo.
Nada acontece por acaso.Partilhemos esta evidência e sejamos sempre vida em nós e nos outros!
Gostei de vir aqui.Nesta «residência»,as palavras mimam os visitantes e quem lá mora é feliz.
Anónimo disse…
Olá ibel!
Deram-me ontem o teu blogue e fiquei pasmado.O quê? Ela tem um blogue?
Quando cheguei ao consultório( e olha que tinha bastantes consultas!) vim logo tentar um reencontro com a poetisa das esmeraldas e sabes bem o que eu quero dizer...
Lá estavas tu como há muitos anos, com aquela maneira de dizer as coisas e sempre com a tua mãe.
Ela era fantástica na determinação e bondade. Não sabia que tinha falecido.
Podias põr o teu mail neste blogue.
Ele há coisas! Encontrar-te desta maneira!
Espero que saibas quem sou, porque vou assinar com o nome lá de Conímbriga.
Anónimo disse…
Realmente, é um fenómeno inigualável observar a Rainha de Copas a avançar sobre um novo território: a Web! E os resultados estão à vista: não há resistência que a sustenha e já formou uma corte de admiradores. Esta é a prova viva de que as angústias do passado não nos agrilhoam a força de vontade. Pelo menos não com esta senhora,não!
Ela tem a seu serviço um batalhão de palavras e um conselheiro exímio: a sua hipertrofiada sensibilidade. Esta rainha não vê fronteiras!
Voltarei a navegar por estas águas,certamente, para descobrir novos episódios da história da "menina de sua mãe".
Anónimo disse…
Obrigada, Oriana, por ter vindo ao meu blogue brindar-me com palavras que não sei se mereço.Gosto especialmente do seu nome,porque contém, na sua composição , um nome que me aquece. Oriana deve ser ouro de Ana, mas se não for, fica a ser.
Obrigada ainda pela atenção prestada à pessoa de Pessoa e por ter percebido a intenção deste blogue.
A Oriana é,com toda a certeza " A menina de sua mãe". E que menina! Eu sei...
Um grande beijo e um sorriso:)

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