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A mostrar mensagens de abril, 2008

O NOME DO PECADO

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É preciso recordar o medo E trazê-lo à luz da hipocrisia É preciso recordar o Holocausto Com olhos viúvos de alegria. É preciso chamar a humanidade Ao espelho da sua cobardia E recordar os corpos desnudados Magros de sonho e fantasia. É preciso recordar os rostos De quem não pediu para nascer E chorar com lágrimas de sangue As crianças que não chegaram a crescer. É preciso lavar o rosto até varrer A poeira libertada da amargura Dos que lixo foram antes de o ser Na cova da anónima sepultura.

LINDO E PONTO FINAL

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Na minha vida de professora com trinta e cinco anos de serviço, fui encaixilhando, na memória e no coração, rostos de meninos e de meninas que vi desabrochar e florir com formas e com cores variadas, com perfumes ora doces ora agrestes, ora claros ora escuros, ora garridos ora pálidos. Por mais que se diga, não se consegue gostar de todos os alunos da mesma maneira, o mesmo se passando com eles em relação aos professores. É tudo um processo normal, pois o coração selecciona tudo de acordo com os acordes que lhe ressoam mais musicais. Tento amar os meus alunos todos e gosto que eles gostem de mim. É uma vaidade da qual não prescindo. E gosto que enriqueçam a sua sensibilidade, despertando-lhes o gosto para a poesia e para a arte. E retomando a música e a arte, quero recordar um aluno lindo que se chamava Maximiliano.Era alto, elegante, olhos verdes e olhar malandro e simpático. Gostávamos um do outro, numa empatia que se deu à primeira vista. O Max gostava de português e de textos bonit

Meu tempo de bibe

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Quando abro as janelas da memória E deixo o pensamento libertar-se em mim Ocorrem-me telas de sonhos dispersos Com asas de aves e de querubins. Voo nos baloiços puxados pelo vento Adormeço, ouvindo, de mim a mãe, o canto E por sonhar que sou pequenina Torno-me princesa como por encanto. Corro na praia, puxando um fio Onde um papagaio no céu rodopia Juntam-se ao meu, risos de crianças E sobem no ar balões de alegria . Vou para o colégio no meu bibe rosa Bordado a branco, o nome Belinha O meu pai prende numa mão a pasta E segura na outra, a da formiguinha. Mas, de repente, as janelas batem E fervem na alma pesadelos loucos O tédio e o cansaço vêm ter comigo E mirram-me os sonhos aos poucos e poucos. Já não sou a Branca que era de Neve, Já não ouço, ao dormir, de minha mãe, o canto O tédio e o cansaço vêm ter comigo E, por isso sucumbe, o meu olhar em pranto. Meu pai já passou a margem do rio Entregue

Habemus Advocatam

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Colhe o louro, filha, Que o esforço é teu Mais a virtude e o saber Desgaste e alimento Que sempre hão-de soprar Vindos do Norte, Estrela com sorte, Com que te baptizei Desde a semente Mas já uma ponte Para o horizonte De harmonia solene Branca areia onde O sol leve ferve.