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A mostrar mensagens de novembro, 2019
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ALMA GAIVOTA

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Andou sempre em baloiço a minha alma E nunca se cansou de baloiçar Ainda hoje anda um baloiço a namorá-la E uma criança escondida junto ao mar. Andou sempre apaixonada a minha alma Por telas de campos e verduras E por anéis de búzios e conchinhas E colchões de algas roxas e escuras. Andou sempre ao pé dos olhos a minha alma Com um sino dentro dela a tanger E escalou alturas e escadas De torres impossíveis de descer. Andou sempre à procura da beleza A minha alma que não consigo desenhar Mas sempre que lhe boto umas asinhas Lá vai ela, ave menina, a gaivoar.

A COR DA ALEGRIA

Toda a gente tem as suas cores de eleição e gostos não se discutem. Há quem seleccione as cores em função das simbologias a que andam associadas e, contra isso, nada a dizer. Há ainda aqueles que mudam de cor conforme as estações e os ditames da moda e não há argumentos de peso para rebater gostos tão apurados e submissos. Há também quem prefira a cor-de-tinto e essa pode implicar batimentos cardíacos acelerados, generosas sístoles e diástoles que retiram temporariamente a lucidez, mas que proporcionam momentos de felicidade irracional. Não sei, porque nunca provei. Há quem se marimbe para isso tudo e goste de misturar as cores em grande arraial de algazarra. E por que não? O próprio céu se atavia com cachecol policromático, metáfora agasalhadora dos olhos e que habitualmente designamos de arco-íris. Eu sempre fui fiel ao branco, ao verde e ao azul. Estas são irremediavelmente as minhas cores, desde que me lembro de olhar para o céu, terra e mar. E gosto também do preto porque a noite

(PRÉ)TEXTO DE AMOR

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S e me amares virás pela manhã e ninguém saberá de nós senão o sol na claridade dos teus passos. Virás para me dizer do tempo que foi nosso e mudos seremos no estar até que a dor nos passe dos nossos desencontros.Virás de mãos vazias que as rosas regressam na primavera e ficam melhor espalhadas como nascem sem que as mãos as firam. Sem ti é tudo tão pequeno que tenho medo do mundo. Só as palavras ditas me seguram no espelho dos meus dias tristes. Preciso de te amar de vez em quando com palavras de sangue. Nas veias me corres como nos dias tórridos de verão no calor de cada sílaba. Onde e quando essa areia ardida?