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A mostrar mensagens de novembro, 2009

ESTIO À BEIRA-FRIO

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Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.

Velas e rosas apaziguadas.

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Fui lá. Hoje. Só hoje. Sem atropelos. Sem multidões. Sem chuva. Deixei flores cor-de -rosa. Já lá havia as que a Maria colocara.Tudo limpíssimo. Tudo simples. Pus os círios. Alguns. Acendi-os. Li os nomes: Maria Améla Antunes Coelho Martins; José Antunes Lopes; Guilherme Antunes Lopes; Abílio Antunes Lopes; Maria do Carmo Antunes Lopes; Sérgio Miranda da Silva. Faltava um. E é Antunes.E é Martins. Ainda não o mandei gravar. Uma certa relutância. Até hoje. Para te ter mais cá. Erro meu. Está lá a tua mãe. E é Martins. E é Antunes. Nunca tinha pensado nisso. Mas hoje sim. E os teus irmãos e o teu marido. Por isso é tempo de te nomear com a palavra gravada na lápide, junto dos que tanto amaste e choraste, quando se foram, muito antes de ti. Sobretudo ela. Como eu. Deixei lágrimas. Por ti , pelo pai, pela madrinha, pela avó Amélia (que pena não a ter conhecido!), cega, mas com as tais mãos que bordavam mistério. Voltaste ao ventre e nunca tinha pensado nisso.Vim apaziguada.