(PRÉ)TEXTO DE AMOR


Se me amares virás pela manhã e ninguém saberá de nós senão o sol na claridade dos teus passos. Virás para me dizer do tempo que foi nosso e mudos seremos no estar até que a dor nos passe dos nossos desencontros.Virás de mãos vazias que as rosas regressam na primavera e ficam melhor espalhadas como nascem sem que as mãos as firam. Sem ti é tudo tão pequeno que tenho medo do mundo. Só as palavras ditas me seguram no espelho dos meus dias tristes. Preciso de te amar de vez em quando com palavras de sangue. Nas veias me corres como nos dias tórridos de verão no calor de cada sílaba. Onde e quando essa areia ardida?

Comentários

Elisabete disse…
Ibel,
Tens sempre palavras doces para as ocasiões dolorosas.
Junto-me a ti, no apoio à nossa amiga, porque as pessoas que amámos existem para sempre dentro de nós.
O meu amor para as duas
Anónimo disse…
A delicadeza das palavras da Ibel e uma escrita inconfundível.Devaneio poético (pré)definido,lembranças,saudades?
Sei que adorei.
Beijinho.
Alda
Anónimo disse…
Liiiiindo!
Prosa carregada de poesia...


Beijinho suave

Francisca e Mafalda
antónio joão disse…
O regresso a um passado ou um desencontro forçado mas não esquecido?
Eduardo Trindade disse…
Puxa, que palavras lindas, rubras, intensas! Adorei mesmo!
Abraços!
AC disse…
A força das palavras, a âncora que não se sente mas se sabe que está ali. Ou deveria estar. Ou está, e gostaríamos de a sentir de outra forma. Ou não está, e temos que a procurar em qualquer lugar.
A força e a sugestão das palavras, a arte de Maria Isabel Fidalgo.
Unknown disse…
O mais importante num texto é o que
ele nos faz sentir. Não tenho palavras para lhe dizer o que sinto, tantas são às vezes que o li e leio.
Poesia pura à superfície de sensibilidade profunda,Ibel!
Unknown disse…
Adorei querida Professora.
Um beijinho,
Ana Gabriela castro
JB disse…
Indescritível, o efeito das palavras, desde as mais amargas às mais doces. Algumas devoram-nos, outras curam-nos, alimentam-nos, fazem-nos sonhar , (des)acreditar…
As que ferem deixam rastos que o tempo lentamente procura amenizar.
As que ardem deixam marcas que ficam para sempre.
As que “matam” destroem emoções dificilmente recuperáveis.
Estas roubam o coração e instalam-se impunes a qualquer antídoto...

As que perfumam deixam eternas sensações recordadas nos seus odores.
As que acariciam são constantes rebentos de calor e energia.
As que amam … são efémeras, mas inesquecíveis.
Estas invadem e rejuvenescem o coração!
Ainda assim, “Só as palavras ditas me seguram no espelho dos meus dias tristes”.
Lindíssimo (pré)texto que a força das suas palavras me levou a comentar.
Mar de Bem disse…
Lia, minha querida Lia, como me escreves, divinamente...

Eu quero que essas palavras sejam minhas, porque são aquelas que eu queria ter dito...

...e agora?
Gastaste as palavras mais belas...
(suspiro...)
Ibel disse…
Elisabete,

Sempre tentei ser assim.Acho que da minha mãe herdei o coração, a lágrima fácil e a atanção pelos outos. O meu mundo é cada vez mais espiritual e no silêncio me vou encontrando. E eu que gostava tanto de alarido!
Obrigada.

Alda,

A delicadeza da sua presença é sempre um mimo que não dispenso.

Queridas manas e Ana Gabriela

Agradeço a vossa estima com muita ternura, a mesma que me dedicais.Gosto de vos deixar essa marca, gosto pela música das palavras e o peso do seu significado. O resto são tretas que esquecereis pelo caminho.Continuem a ler muito.Sois grandes, sereis enormes!

António João
Não vou responder a essa pergunta...Morda-se de curiosidade.

Eduardo

Seja bem-vindo de tão longe.Como chegou até aqui?

AC
Você tem mesmo jeito para ler as minhas palavras, como se me lesse por dentro.Como é possível?


Ana Maria

Tenho sempre muita curiosidade em relação aos comentários, mas é verdade o que sobre a produção escrita.


JB

Como gostei de o ler e que feliz fiquei com a sua visita.Ainda bem que este (pré)-texto de amor pretextuou uma deslocação virtual.
Muito obrigada.
Ah, ainda estou a pensar no problema...darei a resposta.

Mar de Bem

Sabia que seriam estas as tuas palavras. Há mais do que duas Blimundas...
Mar-ia disse…
A nossa poetisa encosta-se a um embalo uterino, único o embalo, e bem expressivo, pela sua voz sentida e sensível, para nos cant(o)ar que os "nossos desencontros" são trilhos comuns.
Como é bom esse afago quando não se vêem as rosas!
Nascem as rosas? De que cor serão? Terão um perfume? O mesmo?
Como é bom imaginar que as rosas nascerão, quando tudo secou.
Como dói o rasgão da nossa pele...

Abraço com tristeza
Anónimo disse…
Ibel:

Já tentei, por várias vezes, deixar-lhe um comentário. No fim, verifico que não fica registado. Poucos conhecimentos meus? Naturalmente...

Desta vez, como das anteriores, para dizer-lhe, apenas, que gostei. Mesmo que não saibamos a quem o autor se dirige, o importante é o peso, a beleza das palavras e a sua poesia.

Depois, talvez porque os seus textos inspirem quem os lê, até alguns dos comentários têm qualidade literária.
Respira-se por aqui muita ternura, muita amizade, muita cumplicidade também. E muito apreço por si, Ibel. Pela pessoa que me parece ser (não costumo enganar-me!) e pelos seus textos. Todos ficamos de parabéns.

Abraço da Sol
Anónimo disse…
Ibel:

Mais uma vez, não vejo o meu comentário publicado. Vou tentar de outro modo.

Beijinho

Sol
Mar de Bem disse…
Minha Mar-ia (das Mercês)da minha alma do meu coração:

Rendilha a tristeza para que ela flua, porque precisas de pairar.

Que o teu coração anteveja outras cores...

...e uma eternidade de beijos.
ETA!!!
RUBI disse…
Palavras magnéticas e deliciosas, professora!!!!!!!!!!

MUITAS SAUDADES!!!!!!!

BEIJINHOS!!!!!
Isabel disse…
"O mesmo rio que te reflectiu
Afoga, agora, o teu perfil perdido.
Por não te ver, a vida anoiteceu
À hora em que teria amanhecido..."

(Miguel Torga, Obra Poética)

"Se me amares
virás pela manhã
e ninguém saberá de nós
senão o sol na claridade dos teus passos."
Assim não anoitece à hora que devia ter amanhecido.
Daniel disse…
Isabel, em que parte de ti ou da Língua Portuguesa foste buscar tanta beleza estética, lírica e emocional?
Escrever com talento e sentimento é isto. A surpresa sempre em cada compasso da escrita.
Bem hajas.
Um abraço.
Daniel
E.A. disse…
Ibel...

Li o seu texto há algum tempo, mas nada disse. É belo tudo o que escreve. Soubesse eu dizer-lhe o quanto. Mas doeu-me tanto.

Menina. Já não o és. Só na fragilidade de um coração que ficou assim, pequeno, pequenino. Vejo-te tão só, tão alquebrada, tão descrente. E temo. Temo por ti. Porque te perdeste num lugar distante onde os trilhos são saudades que doem.
estrelinha disse…
Mais um texto de suculenta prosa poética, com os traços, já inconfundíveis, da poetisa Ibel....
Mar de Bem disse…
Estás a ver, Estrelinha, como a Estrela maior brilha cada vez mais?

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