Meu tempo de Natal


Era no tempo em que havia pai natal
que eu existia
puro dia
tão leve
como a noite
que crescia
no sapatinho inocente
no fogão do meu passado
na árvore com estrelinhas
e nas luzes que piscavam
no pinheirinho enfeitado
com lume do coração
e anjos quase reais
que comigo adormeciam
a sonhar com pais natais.
Era no tempo dos meus pais
com a toalha de linho
tão branca quase de neve
tão pura como o menino
que nas palhinhas deitado
dormia tão sossegado
junto à vaca e ao burrinho
e no olhar de sua mãe
(como a minha ela maria!)
atenta e cheia de graça
adorando enternecida
a sua obra divina.
Era no tempo em que havia pai natal
que nada em mim se partia
e tudo me estremecia
numa doce avé-maria
junto ao presépio encantado
em que eu era a cinderela
com um sapato à espera
no fogão do meu passado.

Comentários

Anónimo disse…
Foi com muita emoção (e orgulho à mistura), que a descobri, colega. Li textos de páginas anteriores e dei comigo a não conseguir conter as lágrimas...em alguns, porque me identifico, noutros porque lamento não ter razões para também sentir assim, como sente.
Voltarei muitas vezes.

Maria Ana
Luis Castanheira disse…
Ola Ibel

Espero que quando maior a Matilde tenha vivido bem o suficiente para escrever assim.

Um Beijinho enorme e Feliz Natal...

Luis
Cris disse…
Ah meu lar nestes lindos e doces versos me levastes para bem pertinho do papai noel.
Você é linda e brilhante como as luzes que adornam as árvores de Natal.És doce como o olhar de Maria para seu menino divino.
Beijos.
Anónimo disse…
Fazes das palavras novelos de memórias doces e sinceras, mãe!
Essas palavras fizeram as delícias da minha infância e continuam a enternecer-me...

Beijo meigo da "estrelinha"
Anónimo disse…
Tudo o que a professora escreve me faz chorar.Gostei muito de a ouvir sobre o milagre de dar á luz, quando fizemos o exercício de escuta activa sobre a carta de Lobo Antunes.Adorei ver a prof comovida e com lágrimas nos olhos.
Até logo e beijinho.

A.m.
Sara disse…
Um doce , uma recordação que não nos larga nunca, a idade da inocência e dos sonhos cor de rosa... Adorei o poema de uma beleza e sensibilidade de uma ainda criança viva nesse coração doce
Bjnhs
Unknown disse…
Lia,aqui é a Thais Naomi.. e já te amamos por aqui,você é muito linda!
Beijos!
Anónimo disse…
Lindo, Ibel!

Mané
Anónimo disse…
Aqui de muito longe vejo a pequena cinderela de olhos dourados, com vestidinho bem rodado, a olhar para o Menino nas palhinhas deitado.
Isabel
Anónimo disse…
Lindo, lindo!
A poesia não precisa mesmo de ser complicada nem difícil para o ser. Precisa apenas de ser dita com o coração e com " a Infância reencontrada" como a definiu Eugénio. Aqui estão as duas.
Cinda
Anónimo disse…
Dra,Isabel, seria imperdoável se não publicasse os seus textos.Sigo este blog há muito tempo com toda a atenção e não cosigo encontrar uma alma tão poeticamente simples e genuína.
Uma mãe muito grata.
Elisabete disse…
A infância de todas as promessas e possibilidades... o Natal da sapatinho, tal como eu o vivi.
Divino, querida amiga!
Anónimo disse…
Ola professora .
Passei por cá para lhe dizer que gosto muito dos seus poemas , você tem jeito .
Já sabe, quando publicar um livro seremos os primeiros a compra-lo (nós , o 10º C) .

Ass: Ana Guedes
Delfim Peixoto disse…
Uma doçura!!! Lembranças que nos acompanhame nos enternecem, num poema mais que bonito!
Bjnhs
Anónimo disse…
Apesar de o Pai Natal ser ter sido criado pela Coca-Cola, e tornar o Natal aínda mais "comercializado", é sempre bom envolver-nos neste tempo de felicidade, alegria, convívio com as pessoas que nos são mais chegados.
Este tempo de ternura, que nos reconforta, é sempre bem-vindo (assim como as férias)!!!!!
Até amanhã!!!
Anónimo disse…
Idade de Ouro

«Era no tempo» ... «era no tempo» ... «era no tempo» ... como ondas que vão... ou que vêm... as mesmas ondas... mas sempre novas...

Não classifico, porque me considero seu discípulo. Mas gostei... imenso!

Está a ser difícil o peso da saudade!
AC disse…
Pois é, o mundo parecia tão seguro e harmonioso...
Que saudades!
Parabéns pelo enorme talento.
Anónimo disse…
Meu lar não tens idéia do quanto és importante para mim.
És a poesia.
Anónimo disse…
Muito bonito (:
Era assim que devia de ser o Natal.. Vivido com sentimento e emoção. Os melhores natais era quando para nós havia o Pai Natal, era tudo muito mais especial.
Beijinho, da sua aluna.
Isabel (:
Anónimo disse…
Obrigado pelo seu comentário (: Como já lhe tinha dito, o verdadeiro natal, é aquele em que acreditamos fielmente que o pai natal existe. Vivendo, assim, essa quadra com muito mais sentimento e emoção.

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