Agradecimento estelar...

O ano começou bem, porque veio em forma de estrela.E veio de soslaio e veio de mansinho, tal como eu havia dito. E veio em passo de dança, que é o mesmo que dizer que veio em forma de avô e em forma de mim, que os genes também se manifestam em artes de borboleta. E outras artes que não me fica bem referir, mas que lembram chilreios de deusa em noite de águas mansas.
Ora tendo vindo em forma de estrela, veio com aquele brilho fúlgido que ilumina esta estrada por onde ando, em encruzilhadas mais de cinquenta, mas sem grandes sulcos, porque antes desta estrela, havia outra. Havia não é o tempo correcto. Há.
Estas duas estrelas têm a particularidade de possuirem o mesmo brilho , projectado de direcções opostas, mas convergentes: uma brilha do alto, do céu imenso onde habita por direito próprio; a outra brilha na terra, mas adora a lua, por isso vive em posição verticall ascendente.
Ora com estas duas estrelas, não posso queixar-me de falta de luz. As duas cumpliciam a toda a hora, no sentido de me protegerem, de não me deixarem cair, porque acham que a minha tendência é a de andar com o barco em marés de mares de sonho.
A minha estrela irrequieta, fruto do ventre de mim, tem esse nome, porque foi assim que eu baptizei a protagonista da primeira história que eu escrevi para ela, a pensar nela.
Eu explico.
Quando à noite eu ia deitar a estrelinha,
abria os olhos todos como duas luas cheias e ficava a ouvir ou a corrigir, se eu alterasse uma vírgula à história, enquanto ia enrolando e amassando, amassando e enrolando um farrapinho, nas mãozinhas fininhas, delicadas e pequeninas de passarinho indefeso, enquanto o enredo corria...
Às vezes, quando começava a apagar os olhitos e as pálpebras cediam ao sono, eu calava-me e ficava a ouvir o respirar da avezinha e depois levantava-me cheia de leveza para não a acordar. Ainda não tinha chegado à porta , e logo o regato da sua voz:"mamã conta outa históia páninha".
Foi então que inventei a história da estrelinha irrequieta.
Um dia eu conto.

Comentários

Anónimo disse…
Terá sido transmissão de pensamentos? Vê o comentário que te deixei ontem à noite no texto sobre o Luís :)

beijinhos
Anónimo disse…
Água,água.
Porosas águas da alegria,
do pão na mesa.
Águas de Li Bai ébrias
de ternura,
de S.João da Cruz abrasadas
de amor,ó águas
de Claudel morrendo à sede.
Água.Água.
Todas as águas,todas.
Ó antiquíssima água das estrelas,
próximas distantes águas matinais,
oculta água dada a beber
num só olhar.

Eugénio de Andrade,«Os Sulcos da Sede»-«Todas as Águas»
Anónimo disse…
É mesmo pessoa de
Estrela,Ibel,Ibel!


Beijo
Anónimo disse…
Luna
Adoro o Eugénio!Foi o primeiro grande poeta das minhas paixões poéticas. E hoje você veio com uma daquelas poesias que me abanam toda, que falam de àgua plural...
Você deve conhecer-me bem,porque veio com ele e, se gosta dele tem afinidades comigo.
De mulheres poeta, prefiro, entre todas, Sophia.
Aqui vai um cheirinho dela magistral:
Aqui nesta praia onde não há Nenhum vestígio de impureza
Aqui onde há apenas ondas
Tombando ininterruptamente
Puro espaço e lúcida unidade
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria Liberdade.
Um grande beijo para si.
Anónimo disse…
Gladiador
Tem dado muito trabalho ao seu gládio?
Gostei do ibel reiterado e junto de uma estrela.
Abraço e volte mais vezes
Anónimo disse…
DESCAÇA VAI PARA A SALA
LIANOR COM TODO O SABER
VAI FERMOSA E TÃO SEGURA
QUE FAZ INVEJA AOS QUE O QUEREM SER

BOM DIA,ALUNOS MEUS!!!
QUEM VOS MANDA OLHAR PARA OS CÉUS?!
A SETÔOOOOOOORA!A SETÔOOOOOOOOOORA!
E ASSIM COMEÇA A AULA
ENRODILHADA NOS BRI(FI)LHOS SEUS!

Mensagens populares deste blogue

ESTIO À BEIRA-FRIO

CHÁ D'ABRIL

Sonho nupcial