Terra mais Linda!!!!




Nunca tinha entrado no silêncio. Um silêncio intocável com agudas vozes de aves felizes. A baía estava alí, oferecia-se aos olhos tão necessitados de apaziguamento.Era a baía do silêncio onde o Manel, amigo da minha filha, nos tinha levado. Ele queria que víssemos um sítio onde em miúdo costumava acampar para que compreendéssemos o porquê de tanto amor. A entrada parecia um portão de uma quinta"avance, pode entrar". Fomos descendo de carro até ao espectáculo do espanto da água e do verde e daquelas vozes batidas por asas. Que mistério era aquele? Que silêncio distinto dos outros se demorava ali, num namoro entre o terreno e o divino? Ou era a miragem do eterno, tal a espiritualidade que se respirava naquele deslumbramento de verdes que a água reflectia?
Apetecia-me uma manta para me estender de olhos virados para o bosque onde os pássaros se satisfaziam em sinfonias sedosas. Apetecia-me aquele silêncio, mas curiosamente o meu marido falava, falava"cala-te fidalgo, deixa-me ouvir o silêncio".Qual quê ! Ele falava cada vez mais. O Manel respeitava o que eu estava a sentir. A minha filha ora sorria ora escutava ora dizia"cala-te pai, deixa a mãe ouvir o silêncio". Mas ele estava a ouvir. Só que a beleza excitou-o de tal forma que palrava como uma criança feliz. Depois lá se calou. Fez-se silêncio. O Manel levou-nos a outros paraísos irreais. E no meio do silêncio maciço, perante a estupefacção esmagadora da paisagem, o seu coração açoriano falava mais alto: Ah, Terra mais Linda!!!




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