Silêncio
Nada.
Nem das brumas
se ouve a voz
da alma dos avós
e na memória
D. Sebatião não veio
em tempo de nevoeiro.
Está vazia a era.
E de outrora haverá hora
um dia?
Não se cumpriu Portugal,
Pessoa,
e a alma não entorna
da exaltação tua.
Portugal jaz no seu silêncio
de campa fria
e das cinzas não há
sopro ou aragem
ou mesmo alento.
É muda a hora
luto o momento.
maria isabel fidalgo
ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
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