Não me perguntes do cansaço


    Sobre a noite ladra um cão. Estranho este ladrar a esta hora. Ladrilha o escuro, às quatro da noite ,um falar de cão altivo. É uma voz familiar que me acompanha com uma intimidade afirmativa. Ladra e ladra com estilhaços altos. Agrada-me. Sacode-me. Habita-me.
    Lembro-me destes sons , nas noites de luar na aldeia, e onde eles me levavam. Campos, bosques, montes, riachos e ribeirinhos eram todos meus, sem lei ou medo. E tudo de noite, quando já todos dormiam e eu dentro dos lençóis. Junto do meu quarto, a água da fonte, contava-me outras histórias. Benditas vozes da terra, sem idade e sem consciência, litanias segredadas nas minhas horas sem sono, portas entreabertas para altos voos.



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    Maria Isabel Fidalgo
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    Poema para minha mãe
    Querida mãe
    aí onde estás, não entre as renas,
    mas vestida de rosas soalheiras...
    espaço estelar onde o espírito cintila
    nas palavras escritas que me ditas
    faz-me ser, se possível for essa proeza,
    ser eu, cada vez mais, a filha tua,
    à altura da pessoa do teu nome
    e no Amor lavado com que me vestias
    no dia a dia que, por o ser,
    era sempre Ano Novo.
    Não deixes esmorecer a tua Bela
    para ti, sempre vela natural,
    e incendeia de chama, brasa,
    luz de ti,
    a braseira da minha alma de NATAL.

    " Antes de mim um verso" - Poética Edições-
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    Cândida Pinto
    Joao Oliveira Oliveira Feliz Natal Isabel. Abraço ao Fidalgo
    Edetil Et Freire adorei reler.
    Maria Isabel Fidalgo
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    E então Deus disse ao seu discípulo: Tens sido um bom filho e um bom exemplo, para os outros, de caminho iluminado. Nestas " Circunstâncias", digo-te que prossigas confiante e que confies no verde do(s) Campo(s) e no azul do céu e do mar.
    Isto dizendo, Deus calou-se , mas ficou atento.
    Um grande abraço de parabéns!


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    Maria Isabel Fidalgo
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    Maria Isabel Antunes da Silva Fidalgo
    Data e local de nascimento- Braga, 18 de Março, 1951
    Habilitações Académicas- Bacharel em Filologia Românica e Licenciada em Línguas e Literatura Modernas- Faculdade de Letras da Universidade do Porto. ...
    Profissão- Professora aposentada do ensino oficial, escola pública, mas a exercer funções de docência, em regime de part-time, no Colégio D. Diogo de Sousa- Braga.

    Outros cargos que exerceu ligados à docência:
    Coordenadora do Ensino Propedêutico.
    Delegada de Disciplina de Português
    Orientadora de Estágio de Português, pela Universidade do Minho.
    Coordenadora dos Diretores de Turma
    Responsável pelo Jornal da Escola e colaboradora do mesmo, com publicações de caráter poético e de crítica literária.
    Atividades extracurriculares: Animadora cultural: teatro, dança, canto, declamações.
    Particular interesse pela poesia e pela crítica literária.
    A sua grande paixão- Ballet clássico.
    Participação em Tábula Rasa | Festival Literário de Fátima em Novembro de 2015.
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    Maria Isabel Fidalgo

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    Maria Isabel Fidalgo partilhou uma memória.
    Uma carta de Natal escrita à minha mãe, no primeiro ano de consoada, depois da sua travessia...
    Querida Mãe Natal
    Aí onde estás, não entre as renas,
    Mas vestida... de estrelas soalheiras,
    Espaço estelar onde o espírito cintila,
    Nas palavras escritas que me ditas,
    Faz-me ser, se possível for essa proeza,
    Ser eu, cada vez mais, a filha tua,
    À altura da pessoa do teu nome
    E no Amor lavado com que me vestias
    No dia a dia, que por o ser,
    Era sempre Ano Novo.
    Não deixes esmorecer a tua Bela
    Para ti, sempre vela natural,
    E incendeia de chama, brasa,
    Luz de ti,
    A braseira da minha alma de NATAL.

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    Maria Isabel Fidalgo
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    Maria Isabel Fidalgo
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    A minha neta acaba de receber mais um presépio. A oferta veio de uma pessoa que muito prezo e admiro. A lutar como uma loba pela vida, ainda tem a força de dizer, aproveitem cada minuto, lutem sempre para que a palavra pobre seja abolida, fui uma felizarda , não tenho o direito de me queixar.


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    Maria Eduarda Barbosa A Margarida Vilarinho é mais uma alma grande...um cheio de força para ela.
    Maria Isabel Fidalgo
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    252 688937
    938284159 alívio-Dr. Miguel


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    Maria Isabel Fidalgo
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    As cinco chagas de Cristo
    são as chagas a chorar
    a morte que ronda Alepo
    sem que a façam parar.
    Cinco chagas são o símbolo...
    das chagas que a dor consente
    de matar mulheres e homens
    e ceifar seiva inocente.
    Cinco chagas são os homens
    em lágrimas de fogo acesas
    a gritar à humanidade
    que basta de insanidade
    de ódio e de crueldade
    sobre chagas indefesas.

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    Maria Isabel Fidalgo
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    Natal menina
    Era no tempo em que havia pai natal
    que eu existia em limpo dia
    tão leve como a noite que crescia...
    no sapatinho inocente
    no fogão do meu passado
    na árvore com estrelinhas
    e no pinheiro enfeitado
    com lume do coração
    e anjos quase reais
    que comigo adormeciam
    a sonhar com pais natais.
    Era num tempo que já lá vai
    com a toalha de linho
    tão branca quase de neve
    tão pura como o menino
    que nas palhinhas deitado
    dormia tão sossegado
    no olhar de sua mãe
    (como a minha, ela Maria!)
    atenta e cheia de graça
    adorando enternecida
    a sua obra divina.
    Era no tempo em que havia pai natal
    que tudo em mim era inteiro
    junto ao presépio encantado
    em que eu era a Cinderela
    com um sapato à espera
    no fogão do meu passado.

    A todos, apesar do mundo, os meus votos de um Bom Natal
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    António Fidalgo Gosto do que se parece contigo, como é o caso deste poema.
    Domingos Filipe Vale Com este belo poema revisitei a minha infância .
    Agradeço-lhe este presente de Natal.
    Feliz Natal.
    Maria Helena Leite Beijos, Maria Isabel!
    Cândida Pinto
    Maria Isabel Fidalgo
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    Maria Isabel Fidalgo partilhou uma memória.
    Natal Menina
    Era no tempo em que havia pai natal
    que eu existia
    puro dia...
    tão leve
    como a noite
    que crescia
    no sapatinho inocente
    no fogão do meu passado
    na árvore com estrelinhas
    e nas luzes que piscavam
    no pinheirinho enfeitado
    com lume do coração
    e anjos quase reais
    que comigo adormeciam
    a sonhar com pais natais.
    Era no tempo dos meus pais
    com a toalha de linho
    tão branca quase de neve
    tão pura como o menino
    que nas palhinhas deitado
    dormia tão sossegado
    junto à vaca e ao burrinho
    e no olhar de sua mãe
    (como a minha ela Maria!)
    atenta e cheia de graça
    adorando enternecida
    a sua obra divina.
    Era no tempo em que havia pai natal
    que tudo em mim era inteiro
    junto ao presépio encantado
    em que eu era a cinderela
    com um sapato à espera
    no fogão do meu passado.


    maria isabel
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    Maria Isabel Fidalgo
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    É para Ti , talvez desperto
    que escrevo sobre Alepo
    vestida de cinza repetível
    em dia de finados.
    É para Ti, o meu carpir na noite...
    e o aprumo dos meus olhos
    no retábulo das lágrimas.
    É para Ti ,nesta quadra santa
    onde nasceste rei dos reis
    feito menino
    que te peço crianças
    com fulgor de laranjas
    num pomar de beijos.
    É para Ti que peço ouvidos
    para os gritos
    e mãos de sol
    em lençol de estio.
    É para Ti, meu Deus ,
    talvez desperto
    que choro por Alepo.

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    Maria Isabel Fidalgo
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    Neste recanto estão as fotos com a minha família. É com ela que vos desejo, se possível, um Natal tranquilo. O mesmo que quero para mim.
    Entretanto, este ano, a minha neta já fala desenvolvidamente para quem convive com ela todos os dias :* , a saber:
    muca- música
    lipo- livro
    caco- casaco ...
    pato- sapato e pato
    meco- médico
    acupela- água das pedras
    balacha- bolacha
    etc...

    Ah, canta lindamente o é Natal, é Natal...
    Um grande abraço natalício e até breve.
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    Maria Isabel Fidalgo

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    Antes de adormecer, mas já no ninho, vou lendo passagens destas "Circunstâncias." Medito e digo para mim, és muito pequenina, Maria Isabel. Escrito por um crente, Joao Aguiar Campos, que costuma dizer que " tem um inquilino indesejável", a dignidade e a força, com que encara a doença, a vida e o futuro, estão enraizadas na fé, e no amor com que abraça pessoas e espaços, em raízes de perenidade afetiva.
    Um bom presente de Natal para quem quiser mais do que o material e rabanadas.
    Foto de Avelino Oliveira da Costa


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    Maria Isabel Fidalgo Não há descontos. Só verdades e agradecimento.
    Fernanda Marques Lopes Este Sacerdote e do Gerês. E irmão de um amigo meu. É realmente um exemplo de vida e de fé. Santo Natal .
    Maria Isabel Fidalgo Sim, Fernanda Marques Lopes, é de S. João do Campo. Feliz Natal.
    Marta Vaz já o tenho e já o embrulhei para presente :)*
    Maria Isabel Fidalgo
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    Que vinha fruto ou luz
    nas



    Fui jantar a Barcelos e acabo de chegar. Jantar na Bagoeira, como é costume, e depois, já no carro, disse ao meu marido: leva-me à casa dos meus pais. Levou-me e pedi-lhe que parasse. Saí do carro e olhei para a casa, de dentro para fora. Vi-me na janela do meu quarto e pensei que, se essa janela falasse, eu escreveria um belo romance.
    A casa é, agora, um centro de estética. Os meus pais estão silenciosos, por mais que os chame. Tudo mudo. Mesmo assim, eu, e só eu, pude ouvi-los e vê-los. Olhei a rua e vi o que costumava ver da minha janela. A menina do retrato ainda me disse: Belinha, eras assim bonita, não eras?


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    Avelino Oliveira da Costa Mergulhar nas saudades pode chamar lágrimas, mas a alma fica tão em paz e mais lavada.
    Carlos Vicente Olhar de dentro para fora significa - olhar para dentro, para o baú de memórias, de referências, de estórias contadas à lareira, de contemplação dos astros nas noites quentes de verão; ver os prados e os ribeiros ali tão perto engalanados com tons e sons das estações... olhar para fora é olhar para dentro dos afectos e dos sentimentos gravados nos espaços que habitam o silêncio
    Maria Isabel Fidalgo
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    Começo este ano a coleção de natais miniaturais para a minha neta. Já tinha comprado um, vieram mais dois.
    Obrigada, Maria José Gomes.


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    Maria José Gomes De nada, Maria Isabel! As minhas amigas reais sabem que esse é, todos os anos (diferente), o meu mini-presente de Natal! Para o ano, acrescentarei á colecão, sua e da sua Leonor, outros 2 diferentes!
    Tenha um Feliz Natal, amiga! Beijinhos
    Maria Isabel Fidalgo Maria José Gomes, vou ficar à espera. Que o seu Natal, este ano, seja menos triste. Beijinhos
    Maria José Gomes Obrigada, Maria Isabel! Menos triste não será, mas será, certamente, em melhor companhia! Beijinhos. Merry Christmas!
    Maria Isabel Fidalgo
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    M Salete Bordalo Martins Feliz Natal para ti e toda a família,querida amiga...Beijinhos.
    Matilde Antunes Feliz Natal para a linda família e felicidades para a princesinha Leonor.
    Maria Isabel Fidalgo
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    Braga em direto na RTP1


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    Avelino Oliveira da Costa Vejo à lareira na Lindinha
    Maria Isabel Fidalgo
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    São duas da manhã. Estou de férias e apetece-me não ter horas. Aposto que em Alepo estão todos acordados ou todos mortos ou a morrer de fome ou de medo. Talvez seja isso o pior. O medo! É como uma sanguessuga. Entorpece-nos. Gruda-se ao corpo, à alma - essa coisa impalpável- e paralisa-os. O medo é uma coisa medonha. Subtrai-nos o raciocínio, a lucidez, o sonho, o belo. Subtrai-nos à vida. E quando a vida se esvai no medo, já não o é. Quando o medo induz, por amor, os pais a matarem os filhos, para os subtraírem a mãos alheias e sangrentas, o mundo enlouqueceu sem remédio. Direi, servindo-me de palavras de António Mota "que este é o tempo em que o homem perdeu completamente a sua inocência. Não adianta mais esperar a esperança".
    Em Lisboa, o Tejo continua a ver navios.
    Foto retirada da net.


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    Anibal Mendonca OS HOMENS PERDERAM OS SENTIMENTOS. PREFEREM O TER .
    MAS , PIOR , VAMOS
    ASSISTIR PELO MUNDO A MUITOS ...Ver mais
    David Rodrigues De facto, Isabel, perante o que «vemos, ouvimos e lemos» (não preciso de indicar a referência desta citação, pois não?!), resta-nos salvar todas as Samiras e "dormir abraçados" a elas, como desejas, no desfecho do teu teu belíssimo conto «Por Pouco Era Natal». [A não perder, em «Nem Sempre os Pinheiros São Verdes», 2016, pp. 55-67.»
    Soledade Martinho Costa Gostei muito das suas palavras, Ibel E muito também do texto de António Mota, de onde retirou a citação. Ambos estão cheios de razão quando falam deste triste Mundo em que vivemos!
    Maria Isabel Fidalgo
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    A Maria Isabel Fidalgo ofereceu-nos uma prenda em forma de conto. Porém,«Por pouco era Natal» é mais do que um conto. A sua relação com o futuro romance, que há de chegar, é a mesma de Civilização e Cidade e as Serras. Um esboço,portanto, já que aparecem nele duas linhas narrativas e indícios de outras ainda, a pedirem mais desenvolvimento e interligação, e uns resumos que seria interessante alargar. E este todo, que mal cabe na medida que lhe deram, vem embrulhado na inten...sa emotividade da narradora, na criatividade com que carateriza de um só traço a personagem masculina através do bizarro pedido na Brasileira, no engraçado e multissignificativo jogo de palavras à volta de Inês, a protagonista, que remete para outra Inês,escritora.Aliás, num «abuso » de colegas, Maria Isabel rouba-lhe o título de um romance para deixar na soleira da porta a dúvida, que deixou de ser dúvida logo a seguir. O título afinal aponta o destino das personagens: é Natal quando o homem quiser e a mulher concordar.
    Maria Isabel, fico à espera do romance.
    Como já pouco falta para ser Natal, desejo o maior, o melhor e o mais bonito para si e toda a sua família

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    Gracinda Castanheira Grande leitura a da Milai Vaz de Carvalho, do teu conto. Tens um novo desafio. Mãos à obra. Já tens quem to apresente.
    Milai Vaz de Carvalho E junta-te para sermos 4 !
    Maria Isabel Fidalgo
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    É natal no mistério do tempo
    em que finitos somos
    incertos no pão de cada dia
    Vacilamos nas moedas
    pisamos o amor como pedras...
    enquanto o sonho é o dos poetas
    em papel timbrado de angústias
    Acendemos velas e pesamos
    a fome milimetricamente
    em candeias escuras
    no mistério do tempo
    em que infinitamente
    sopramos sílabas vazias
    dizendo natal deslumbrados.



    Apesar das trevas e do rio
    Onde exata será a dita data
    Florirá deslumbrada no vazio
    Minha raiz do sonho sempre intacta.
    Irei sem dor nas mãos inertes...
    Sem algemas de guerra ou de perigo
    E o barqueiro me levará onde houver paz
    Sem remorso sequer de ter vivido.







Não me perguntes do cansaço
nem deixes o céu por minha causa
mas se vieres traz-me a verdade inteira
e que os frutos cresçam e a terra arda
e a estrada seja de luz inicial
na limpidez da tua boca.
Não me perguntes das feridas
que a luz cura
se a concha é pura.
Traz-me labaredas
despe-me de cardos
debruça-te sobre a água
verás que ainda é tua
a semente que cresceu
sonhando a lua.

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