SAUDADE

Vem descendo uma saudade
Do que fui e não provei
Saudade de ter amado
O quanto à vida não dei.


Saudade de minha alma
Ave de sonho a voar
Quem me dera ter as asas
Onde pudera m'achar.



Saudade de mim criança
Junto ao mar a baloiçar
Uma dança ou talvez trança
E meu pai a m'empurrar.


Saudade de ter morrido
Na menina que fui lá
Um brinquedo de boneca
Que me esqueci de guardar.

Comentários

Anónimo disse…
Chega-se aqui aos frutos e fica a lágrima a provocar.

Não me canso de a ler e encontro sempre algo de novo.

Alda
antónio joão disse…
Venho todas os dias ao seu blog, várias vezes, sempre desejoso de ver fumo branco.Desde que sou leitor assíduo, nunca houve um texto que me decepcionasse.Escreva sempre, escreva muito, Ibel.
L.S. S. disse…
Aos poucos, quem não a conhece, vai desenhando o seu retrato, Dra. Ibel e corresponde ao que os nossos filhos contam em casa.
Uma noite tranquila.
Fátima disse…
É também por isso que eu gosto de te ler, Ibel, reconheço-te e reconheço-me no que escreves: o saudoso balançar do teu baloiço também me arrasta até ao rústico “bambam” de corda que tão docemente me embalou na infância.
Já só falta uma semana para cá tornar… Até lá, um grande abraço.
Fátima Domingues
AC disse…
Também sou dos que aqui vêm todos os dias espreitar e espraiar...
Está-se bem aqui, onde a companhia é boa e o alimento da escrita magnífico. Mergulhamos nela e sentimos o equilíbrio das coisas feitas e por fazer, os entusiasmos duma meta alcançada, os lamentos duma boneca por guardar...
Há saudade das asas de outrora, mas as de hoje continuam a voar, e muito alto!
Isabel disse…
A infância revisitada ou um estado de alma, num poema em que cada palavra é uma imagem viva."Imagino uma menina a subir ao céu num balouço empurrado pelo pai, pedindo mais velocidade para abraçar as nuvens e o azul do firmamento".
Bjinhos.
Unknown disse…
Uma saudade que é um lamento e uma lúcida consciência de que o passado não regressa.Gosto de ver que nunca se esquece dos pais.
Beijo
Luísa disse…
Quando era criança, tive uma boneca parecida com a da imsagem que adormecia junto de mim, numa caminha que a minha avó me ofereceu.Ainda hoje a tenho e consrvo-a com muito carinho, embora também já tenha as marcas da idade. Este poema encantou-me pela simplicidade e pela saudade que me despertou.
Ibel disse…
Alda,

As lágrimas fazem bem, às vezes, sobretudo quando o passado foi maravilhoso.

António João e AC

Eu também gostaria de escrever mais, mas ando com tanto trabalho,que quase nem tenho tempo para ler,excepto livros de estudo e trabalhos dos alunos.Obrigada pelo vosso incentivo.

L.S.S

Realmente tento ser sempre muito autêntica e as aulas sempre foram para mim um espaço onde os alunos têm de gostar primeiro de mim, antes de gostarem da matéria.E cada vez penso que isso é que está certo.Mas a matéria é para saber!!!!
Não sei quem é, mas gostei do que disso.Obrigada

Fátima

É tão bom saber que quem me conhece bem me lê e sabe que é verdadeiro o que sinto quando escrevo!Tu conheces-me...



Isabel

As tuas fotos são poesia pura, amiga!O meu pai ensinou-me a dançar, a andar de bicicleta e de baloiço, a representar, a gostar de rir e a pregar partidas completamente loucas, graças a Deus!Eu e a minha irmã éramos muito felizes e divertidas.

Carla

Realmente, quando criei este blog foi para revisitar o passado e manter vivos os meus pais e a menina feliz que eles criaram com tantio amor!

Luísa,
Felizmente fomos das que tiveram bonecas para recordar.Vi muita pobreza na aldeia onde a minha mãe era professora.Algumas crianças tinham bonecas de trapo, pequeninas, talvez para lhes aquecer a alma, porque o corpo andava quase desagasalhado e os pés descalços.

Tomem lá beijinhos.
mariana disse…
Boa noite, professorinha ibel das palavras mágicas.

Beijinho
DEPE disse…
Fica a Saudade...fica saudade...
porque se viveu algo que nos marcou... e só se tem sudade do que nos fez feliz...
Bejnhs
A menina de outrora continua cá. No jeito e no gesto, na marotice e na brincadeira, nessa alegria única de viver e no brilho do olhar de mel...

Beijinho traquinas


Mafalda e Francisca
Ibel disse…
Olá marianinha das palavras doces!

Delfim,

Há saudades na vida que são bálsamo.A minha infância foi povoada de brinquedos que o meu pai ia comprar ao Porto.Eu adorava bonecas.A minha irmã teve uma que lhe foi dada pelos padrinhos, depois de ter estado muito doente e eu ficava a olhar para ela como para uma princesa.
Ibel disse…
Mafalda e Francisca,

Sempre presentes e com beijos traquinas(que linda hipálage!).


Beijos estudiosos porque o teste é quarta.
Anónimo disse…
Todos os dias venho visitar estes frutos...adoro os textos que escreve.
Um grande beijinho Professora Ibel
M.C.L.
Anónimo disse…
Pueril e intenso como deve ser a poesia.
beijinho
Cinda
gracinda disse…
pueril e intenso como deve ser a poesia, porque no dizer de Eugénio "a poesia é a infância reencontrada"
beijo pueril para a mana Ibel
Cinda
Anónimo disse…
o prometido é devido professora! ja publiquei, beijinho. MARIANA!
A saudade por vezes sabe a algodão-doce!

Poema lindo, quase caixinha de música!Gostei imenso dele!

Beijinho
Anónimo disse…
Querida Professora Ibel, fico contente por aperciar os meus textos, o problema é que o tempo é pouco para escrever... mas, com muito esforço tudo se consegue :)
A professora escreve bastante bem, nao ha palavras para descrever o quanto.
A Ibel é que é bonita, nao eu :)
Beijinho MARIANA MOREIRA !
Delfim Peixoto disse…
Desculpe, Ibel, mas necessito de desabafar:

Penso em abandonar a blogosfera definitivamente... obvio que virei visitar os amigos, mas acho que apesar de gostar de escrever de exteriorizar, seis anos já é muito tempo e começo a sentir necessidade de um certo recanto... deixarei a Rede de pé para não defraudar expectativas, mas sinto que estou a criar raizes muito presas ao chão... e eu sou ave... e tanto de tanto que necessito de me refugiar no silêncio... não sei... deve ser o "vazio " de tanta coisa dos ultimos meses... vou deixar passar esta semana e decidir...
Bjnhs
E.A. disse…
Posso dizer-lhe o quanto gostei das suas palavras?
Porque, se é verdade que quem escreve, fá-lo por si, para si... para se encontrar, para descansar a alma de uma alegria imensa ou de uma tristeza sem nome, é também verdade que escrevemos para alguém, com a esperança menina de que esses olhos estranhos que reflectem as nossas palavras, vejam em nós algo de bom.
Obrigada
E.A. disse…
Quem escreve, fá-lo por si, para si... para se encontrar, para descansar a alma de uma alegria imensa ou de uma tristeza sem nome.
Contudo, é também verdade que escrevemos para alguém, com a esperança menina de que esses olhos estranhos que reflectem as nossas palavras vejam em nós algo de bom.
Obrigada.

E.
E.A. disse…
Quanto à sua escrita...
As palavras são deuses...
Na minha vida, comportan-se muitas vezes como deuses distantes e altaneiros, tão distantes...
Do fundo da minha pequenez, permita-me que lhe diga que os deuses se enamoraram de si, as palavras não têm, para si, quaisquer segredos.
Escreve tão bem...

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