Velas e rosas apaziguadas.
Fui lá. Hoje. Só hoje. Sem atropelos. Sem multidões. Sem chuva. Deixei flores cor-de -rosa. Já lá havia as que a Maria colocara.Tudo limpíssimo. Tudo simples. Pus os círios. Alguns. Acendi-os. Li os nomes: Maria Améla Antunes Coelho Martins; José Antunes Lopes; Guilherme Antunes Lopes; Abílio Antunes Lopes; Maria do Carmo Antunes Lopes; Sérgio Miranda da Silva. Faltava um. E é Antunes.E é Martins. Ainda não o mandei gravar. Uma certa relutância. Até hoje. Para te ter mais cá. Erro meu. Está lá a tua mãe. E é Martins. E é Antunes. Nunca tinha pensado nisso. Mas hoje sim. E os teus irmãos e o teu marido. Por isso é tempo de te nomear com a palavra gravada na lápide, junto dos que tanto amaste e choraste, quando se foram, muito antes de ti. Sobretudo ela. Como eu.
Deixei lágrimas. Por ti , pelo pai, pela madrinha, pela avó Amélia (que pena não a ter conhecido!), cega, mas com as tais mãos que bordavam mistério. Voltaste ao ventre e nunca tinha pensado nisso.Vim apaziguada.
Comentários
Gostei de sentir o clima íntimo, o esboço da conversa inevitável. E de a sentir apaziguada.
Levei gladíolos brancos2apaziguados".
Abraço, Ibel
Percebemos a razão do apaziguamento sentido "Voltaste ao ventre", mãe e filha novamente juntas.MUITO BONITO.
Beijinho carinhoso
Mafalda e Francisca
Foi bom ler, no final, o "vim apaziguada".
Beijinhos para as duas que à minha mãe continuo a dar muitos em silêncio magoado mas tranquilo,porque a vida é mesmo este fluir certo para todos.
Beijinhos
Moon
O culto dos mortos é alguma coisa que está bem "viva" entre nós, os vivos. E que vem de muito antes de nós. E certamente para além de nós ficarão gestos de outros.
Há quem diga, e bem, que se deve fazer lutos para expulsar a morte de dentro de nós.
É verdade. É bem verdade.
Apesar dessa lógica, cada vez me custa mais visitar cemitérios, porque cada vez mais reconheço as inscrições nas tabuletas. Porque elas também se apagarão, um dia, comidas por outras, por outras modas...tal como diz o poeta.
Fiquei anónima este ano, voluntariamente. O ano passado o silêncio foi, por obrigação.
Estamos cá, olhando estas emoções que ficam. Agora. E que também morrerão. Como nós.
Mas as emoções são eternas! Tão eterna quanto a humanidade.
Com a graditidão e admiração de sempre.
MRS
Também gosto de ir depois, sem gente por perto. E fui a Barcelos, na segunda. Estão lá os que mais amei e, por isso, é um lugar sagrado onde me sinto sempre bem.
Um beijo, com muito carinho.
Beijo
Olho para o céu mais do que para a terra e pergunto: porquê tinha que ser assim? apenas com trinta e três anos, tanto para viver e tudo desfeito pela morte.
Um bjinho.
Um abraço para todos é só que encontro para dizer.Hoje estou exausta, mas é reconfortante encontrar tanto afecto nas vossas palavras.
Um obrigado a todos.
Um beijinho enorme professora...
Que saudades!
Beijo
Ana Gabriela Castro
Ainda vos devo um jantar cá em casa.Vejam lá a sexta-feira que vos dá mais jeito e comuniquem, caso contrário fica para as férias de Natal.Também tenho imensas saudades vossas.
Muito sucesso neste novo percurso de vida e recordem-me sempre assim desta forma tão enternecedora. Vós fostes a minha coroa de glória.
Beijinos
Ana Gabrilela
Este ano estamos tão pertinho uma da outra....
Que bom!!!