Do monte até à fonte
Do ventre sagrado dos montes
da mina de que venha, escorrendo
por um sulco de terra húmida, molhada ,
por um chão de pedra rolada, lavada ,
lágrima constante, não gemendo ,
arrastando raizes e sementes
não cuidando de saber quais são as gentes
a quem mate a sede ou lave as frontes
Mais abaixo irá depois chegar, pingando
numa taça de pedra, e vai ficando
calmamente, aguardando
que pelo menos uma mão
gentilmente a vá colhendo ,
e a sede de boca que houver
que venha para a sorver
e a louvar, bebendo.
Aqui chama-se fonte, pois então,
numa gruta ou num caramanchão
com ares que lhe dão de monumento
sem faltar a pedra da carranca
com forma de uma deusa ou de uma fera
e o friso de uma vinha ou de uma hera ,
mostrando lá pousada a pomba branca
que recorde uma guerra ou um evento !
será de tragédia ou de glória
o nome com que fica para a história
de amantes e seus amores ou desamores
na sombra do que foram seus destinos
ou insignes pensadores e escritores
em odes deixadas como hinos
cantos de pena de um poeta eminente
rendilhando um epitáfio comovente
onde o sol, o céu, o mar, os ventos
se envolvem em louvores ou em lamentos.

Comentários

Anónimo disse…
Belo

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