O SORRISO
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Deixa-me ver teu sorriso
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que nele me vejo também ,
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mesmo não sendo preciso
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saber tudo o que contem .
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sabendo que é nele que estás
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é nele que eu me verei
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e logo eu sentirei
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o que nele me dirás .
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Essa expressão facial
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que nós temos para exprimir !
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não sei de um outro animal
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que saiba rir ou sorrir .
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tudo podemos dizer
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num sorriso ou gargalhada
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numa forma de o fazer
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fica dito tudo e nada .
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Seja uma forma de apelo
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ou seja a alma a falar
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basta um sorriso singelo
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para a mensagem chegar !
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um sorriso desfiando
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a luz da alma se abrindo
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é como ave voando
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ou uma flor sorrindo
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Ou um coração sentindo
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se tímido se fez, calando ,
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ou um desejo pedindo
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ou um lamento deixando ,
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ou a risonha expressão
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de alegria ou surpresa
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ou só manifestação
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de satisfação ou tristeza
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E não há sorriso mudo
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ou sorriso carrancudo ,
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há só o sorriso amarelo
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com que se disfarça um riso .
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Mas nenhum deles é belo
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que, não mostrando afeição ,
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faltam pontas de emoção
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para que seja sorriso
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Sendo nuvem que está vindo
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mostrando-me um céu se abrindo
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meu olhar nunca se cansa !
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sorrisos, passos de dança
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onde o coração remansa !
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e seja rindo ou sorrindo
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há um que é sempre lindo
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um sorriso de criança!
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ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
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