SABER POPULAR
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Há um saber popular
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seja presente ou passado
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em que se deve pensar
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para um futuro avisado.
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Já minha mãe me dizia
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com toda a sabedoria :
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quem faz a cama bem feita
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muito bem nela se deita !
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Também o povo nos deu
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outra máxima perfeita :
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que o que torto nasceu
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tarde ou nunca se endireita
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É melhor ser paciente
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buscando a melhor receita
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será da melhor semente
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que vem a melhor colheita.
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E agora vos digo eu
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aproveitando o ditado
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que quem da mãe se esqueceu
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acabará condenado
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ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
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