Gerês


Passei os olhos no Gerês, quarenta e oito horas e. Um fim de semana, refrescando os olhos nas águas e trepando-os aos montes, quase a cair nos fantásticos desníveis de montanha, oscilando entre o sol e a sombra. Línguas de areia branca bordando o azul e barcos preguiçosos na volúpia do silêncio. Casas em presépio quase natalício, não fora o calor. Ao longe, a ponte iluminada. A noite. A ponte! Um ...deslumbre de ecos de luzes auríficas, até à profundidade nua do rio. Um assombro mordido de espanto. Na manhã seguinte, a festa do S. Cristóvão. Ruído com Quim Barreiros, e outros cantores provocatórios, numa comemoração religiosa, alternando com vozes de mulheres esganiçadas como cadelas com cio. Depois, uma voz dormente de abade queirosiano, à hora da missa, vinda do altifalante, ressoando perto da videira que espreita a varanda. Por fim, Marco Paulo e a sua "Nossa Senhora". Ai, valha-me Deus! E não é que me soube tudo a bom, a uma ruralidade esquecida na arrecadação das velharias do sotão? Silêncio de novo. A ponte. A sonolência do corpo tranquilo, a precisar desta paz recomposta e despudorada. O sono calmo. Melhor assim!

Agosto 2019

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