Uma pauta de água modelando o tempo. Tanto tempo quanto o coração. E na vertigem do sol, no aceno da luz, só o que as palavras não dizem.
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ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
SAUDADE
V em descendo uma saudade Do que fui e não provei Saudade de ter amado O quanto à vida não dei. Saudade de minha alma Ave de sonho a voar Quem me dera ter as asas Onde pudera m'achar. Saudade de mim criança Junto ao mar a baloiçar Uma dança ou talvez trança E meu pai a m'empurrar. Saudade de ter morrido Na menina que fui lá Um brinquedo de boneca Que me esqueci de guardar.
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