A altura das rosas e o seu cheiro
ficaram adiados para os olhos
andam lá por fora a roçar os muros
e a gozar a bênção da liberdade.
Nenhuma mão as ceifará para as jarras
nem as repartirá pela casa
num breve odor massacrado.
Crescerão vadias por esses quintais fora
livres, felizes, numa alegria tonta
como um beijo errante
no delírio primaveril.
O vento prosseguirá a arte das sementeiras
que as mãos dos séculos ensinaram
e a percorrer os acordes do ar marítimo
junto ao deus das águas.
Ficarei a ouvi-lo
vento navegante desnudo
no meu casulo
à espera de uma janela que se abra
e me prometa  pássaros 
árvores, ervas, águas
um júbilo habitável
um farol feliz
um deus sereno sobre os olhos
a libertar angústias
junto ao rio dançado
no interior da música.

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