A pandemia que assolou o mundo tem-me feito pensar nas consequências que dela advirão. E não  só as de ordem económica. 
Mergulhámos num isolamento prolongado e disciplinado que aboliu as manifestações afetivas de contacto físico e instalou o medo e quase rejeição do contacto com o próximo. Houve quem acatasse sem grande perturbação as medidas impostas, mas há quem tenha aceitado mal essas imposições.
Daqui podem resultar comportamentos muito antagónicos, como aconteceu na Europa entre as duas Grandes Guerras.
Otto Dix, pintor expressionista alemão perseguido por Hitler, veterano da primeira Grande Guerra, ilustrou as sequelas sociais, morais e psicológicas resultantes dos dois gravosos períodos bélicos  que abalaram a Europa: a ânsia de viver a vida numa embriaguez despudorada e louca e a contenção, o medo, o pânico de voltar às vivências do quotidiano. E a pobreza!

Os que se auto-impuseram distanciamento e solidão - irão demorar a ultrapassar as sequelas fundas: medo do contacto do e com o próximo, até à quase agorafobia que insidiosamente se terá ido instalando.
Sobreviver ao(s) desastre(s), com equilíbrio e sensatez vai ser talvez o maior dos desafios íntimos. 

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