na órbita do meu olhar
se não te vejo nem beijo
quando me ponho a sonhar?
Que anda a lua a fazer
no céu extenso de anil
se não te vejo nem beijo
nem de frente ou de perfil?
Que anda a água a fazer
no leito do nosso rio
se nem te vejo nem beijo
e fico morta de frio?
Que anda o barco a fazer
com os remos à deriva
se não te vejo nem beijo
nessa linfa fugitiva?
Que anda o tempo a fazer
no tempo da nossa voz
se não te vejo nem beijo
nesta solidão feroz?
O tempo anda fazendo
o que lhe cabe fazer
e se não te vejo nem beijo
mesmo assim, quero viver.
A água corre no rio
o rio corre a correr
mas é nas águas do rio
que eu me quero morrer.
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