MEU PORTUGAL
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Portugal, meu Portugal
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tão igual e tão diferente
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nesta Europa a ocidente
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numa posição lateral .
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Nem a leste nem a oeste
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e nem a sul nem a norte ,
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não sei se isso é ter sorte
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mas foi aqui que nasceste ,
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neste recanto amado
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à beira mar plantado ,
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esse mar que dá o pão
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e ondas de aflição !
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Teu destino e vocação
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na expansão foi riqueza
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foi glória e exaltação
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da mareação portuguesa ,
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aventura e ambição
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e causa de tanta tristeza !
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Olhando nós para poente
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correndo de norte a sul
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voltados para o horizonte
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é azul e sempre azul !
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É o azul desse teu céu
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que nos cobre como um véu ,
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é depois o azul do mar
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onde se repousa o olhar .
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São gentes lindas de olhar
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vindas de povos antigos ,
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são corações amigos
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alegres por afagar .
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São montes, vales e prados
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são rios que vêm a descer
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são os campos trabalhados
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são canseiras de morrer
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jornadas longas e duras
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buscando safras maduras
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São verdes e amarelos
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mantos de cor tão belos ,
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cores lindas, variadas
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vivas e desmaiadas .
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São searas a ondular
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de um cereal por colher ,
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é o trevo é o girassol .
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É o lindo por do sol
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que se pode ver no mar
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até o sol se esconder !
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Tão longo o seu passado
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é como um vasto oceano !
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São oito séculos de história
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feitos de honra e glória !
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Tem heróis, navegadores ,
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tem poetas, tem pintores ,
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músicos, compositores ,
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cientistas, inventores ,
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homens cultos, escritores ,
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tem cantores e trovadores ,
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tem o cante alentejano
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e outra riqueza que é o fado .
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O fado que tem a saudade !
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Pessoa a perpetuou
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em quadra para a eternidade
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onde tão bem a exaltou :
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"Saudades, só Portugueses
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conseguem senti-las bem
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porque têm essa palavra
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para dizer que as têm."
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30 . Abril . 2020
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ESTIO À BEIRA-FRIO
Sinto no frio da água E no outono da folha O Inverno ch egado. Um certo desalento Um certo desagrado E uma paixão no mesmo assento. Porque será ? É agora o tempo Do crepitar da brasa E do silêncio recolhido No calor do livro. É tempo de carpir E de despir a árvore A folha desbotada. Mas se é lisa a fêmea vegetal Cobre-se de folhagem O chão E a fria paisagem Esquenta a emoção Da miríade miragem. O vento geme nos beirais E dos confins do céu Não há sinais de asas. A chuva é cântaro Mas crepita o lume E a mão espevita Lascivamente o livro. A página levanta a saia Num sorriso de catraia E faz-se estio à beira-frio.
Comentários
Fiquei agradavelmente surpreendido.
Agradam-me os textos como sempre e este Portugal dava um fado ou uma canção.
Parabéns, Ibel.
Pedro Reis
Olá professora Ibel
tanta saudade dos seus tesxtos e das suas aulas.
Foi o Pedro que me telefonou a dar a novidade da reabertura do blog.
Neste momemto estou em Coimbra, em anestesia.
Faço muitas leituras nos colóquios e falo sempre da minha PROFESSORA INESQUECÍVEL que me orientou para a beleza da vida.
Vou enviar mail e gostaria de a convidar, logo que possamos, a vir falar de poesia à sua cidade académica.
Falaremos!
Parabéns pelos textos. Este seria bonito para ler e quadra-se no momento que estamos a viver.
Pense nisso.
Estamos cá seis dos seus meninos que nunca a esquecem.
Mariana Soutinho
Pedro e Mariana, que alegria encontrar-vos!
Obrigada por não se esquecerem desta vossa professora e,sobretudo, por saber que andais com a poesia nas vossas almas e que eu plantei a sementinha.
ADORO-VOS, Srs DRS.
Conta comigo, Mariana.
Eu vou.
Beijos muitos daqueles que vos dava.