Absoluto silêncio. Absoluta necessidade de me encontrar com a noite, a maneira mais feliz de me encontrar.
Massacrada pelas notícias, só me resta a música e este espaço, minha autonomia de liberdade.
Se não respirar fora do caos, se não chapinhar nas palavras, não sei para que lado adormecer.
Mas trago receios. O mundo é um vulcão a sangrar a toda a hora, uma metralhadora a cantar a canção da guerra, um corpo a desabar de dor.
Na Síria e noutras Sírias, as crianças pedem para morrer e cava-se-lhes a cova no gelo. São os filhos dos outros que gostaria de aconchegar no meu amor. 
Como é possível não amar os filhos dos outros?
Tenho um coração onde cabem todas as crianças da Terra.
Nunca me senti a amar tanto crianças que não conheço.
E este desespero de as saber abertas à descoloração das noites, tão diferentes desta onde me escrevo.
Anda um vírus à solta, sem olhos, sem boca, sem mãos, sem rosto, um hospedeiro turbulento à cata de hóspedes.  Uma enegrecida sombra sobre os dias. Mais uma.
Dizem que se o sol aquecer, a sombra esvai-se.
Venha a festa do Sol. E as noites de verão junto ao rio. O rio e uma rendilheira de voz atirada para as águas.
E um sino!
Esta mania dos sinos que me persegue, desde que o coração cresceu e se debruçou sobre o amor  que tudo pode. Ou nada pode.



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