Escrever um nome como quem borda um tecido
sem tropeçar nas linhas
e bordá-lo com a sublime saudade
do brilho visível.
Bordá-lo a ouro e resgatá-lo da morte,
tão de seda como o corpo da lua
no campo do céu iluminado.
Se regressasses, mãe, falava-te
do esplendor do regresso
e adormeceríamos de mãos em flor
numa carícia palpável.
A ti te contaria do tecido bordado
e gostarias de ouvir como o bordei
sem tropeçar nas linhas.
Mas não desças à terra
está doente e aprisionada
com cor de dor e odor de  morte.
Deixa-te estar serena a olhar por mim
e pelos que amaste no esplendor dos dias
e no lento rosto das noites.
Talvez consigas ver o vestido que bordei
para o meu amado,
sem tropeçar nas linhas,
e possas sorrir, 
meu poema distante
e aqui tão perto da saudade em flor
com carícia palpável.
Amar-te-ei até ao fim do musgo
e prometo mostrar-te o lenço bordado
com linhas de amor.



Comentários

Lídia Borges disse…

Uma oração!... Gosto muito.

Lídia

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