Procurem-me sempre onde haja um porto
um olhar massacrado de alturas
um pomar semeado de laranjas
um mar a cavalgar brancuras.
Procurem-me sempre onde houver um rio
uma verdura a ornar um embondeiro
um leito de rio a escorrer em fio
no arejo matiz do sol festeiro.
Procurem-me sempre num moinho
a moer canções ao mar aberto
em mós de acorde afinadinho
ao pôr-do- sol a descoberto.
Procurem-me sempre onde sempre estive
estirada na orla da manhã
a roer a névoa em declive
como quem rói um naco de maçã.
Procurem-me sempre num bolero
num corpo rodando em folho e chita
e vereis vendaval de brasa em dança
vendaval de corpo, eu tão bonita!
17-03-2020
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