As casas vivem fora do espaço
é dentro da cabeça que permanecem
depois de tudo fechado:
do telhado demolido
das paredes derrubadas
do quintal sem vasos.
E mesmo se está de pé
se a visitas, a casa mudou de rosto
lavou a cara, pôs pó-de-arroz
e não tem o cheiro de alfazema
real ou inventado
com que a perfumavas.
A casa é a que tu guardas
num emaranhado de vozes
que és capaz de ouvir. 
Se estiveres atento, ressuscitas tudo
a casa fala através dos escombros 
ergue vozes, traz recados, atira beijos
como se tivesse boca 
e pede-te que a guardes para sempre
no infinito dos teus olhos
quando eras uma asa 
e ela um labirinto de sonhos
onde levantaste voo.





Comentários

Lídia Borges disse…

De uma realidade comovente.

Belo!

Bom domingo.

Lídia

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