Desejo um poema barulhento
não um soneto à moda de Petrarca
com cores ascéticas de deusa pálida
nem um madrigal de flores do céu
mas um soneto de setembro
parras, uvas, videiras, sumo
quando um trovão imprevisível
fende água e perfura a terra
deixando-a fumegante
com uma anatomia divinal
perfumada a feno,
uma Vénus vitoriosa
a calar as chamas da inquisição
esse pesadelo dos séculos
contrário a Deus.
Vénus, uma labareda de provocação
contra os carrascos do medo.
Contra mim.




 

Comentários

Lídia Borges disse…

Respira-se bem neste lugar de Poesia "e mar".

Beijo meu

Lídia

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